Olá, traumatizados e pernudos.

Faz tempo que eu não saio da sala de cinema me sentindo perdido, e hoje, vamos explicar o final desse filme perturbador.

Já falamos sobre o filme sem spoilers, e você pode ler clicando aqui.

Agora vamos falar abertamente dele COM SPOILERS, destrinchando os mistérios da trama, porque esse é um tipo de filme que a gente vai precisar reassistir algumas vezes para pegar todos os detalhes.

New LONGLEGS poster : r/movies

Longlegs. Material de divulgação.

O enredo

A agente do FBI Lee Harker (Maika Monroe) investiga uma série de assassinatos brutais que vêm atormentando a cidade há muito tempo. Em todos os locais do crime, há uma carta com uma série de códigos secretos assinados com o nome “Longlegs”. Mas o grande mistério é que não há sequer sinais de que mais alguém estava naquela casa ou nos arredores quando os assassinatos aconteceram. Lee agora precisa revirar todos os anos de investigação, misturados com os assassinatos recentes, para descobrir quem é o assassino antes que mais crimes aconteçam.

Os mistérios da trama

Falando mais abertamente com spoilers, um dos pontos que eu não diria que é fraco, mas que destoa um pouco de tudo, é o fato de Lee estar ligada ao Longlegs desde sua infância, sendo ela uma criança que deveria ter sido uma vítima. Sua mãe fez um pacto com o assassino para mantê-la viva, em troca de ajudar Longlegs em seus assassinatos. E aqui temos um detalhe muito legal no filme: a ambientação. Quando vemos a silhueta de Longlegs, ele está criando bonecas que usa em seus rituais, em um ambiente que só descobrimos lá no final ser o porão da casa da mãe dela. É por conta desses trechos que entendemos por que Lee está passando por tantos lugares e situações, sabendo o que virá em seguida: porque ela já passou por aquilo antes. Ela foi uma criança que teve permissão para crescer, como bem disse o próprio Longlegs.

Lee embarca no mistério com uma grande dúvida: Longlegs deixa uma carta com códigos para serem decifrados no local do crime, mas o grande diferencial é que ele mesmo não comete o crime. Ele sequer poderia estar dentro da casa no horário das mortes, porque nenhum rastro dele foi achado na casa ou na vizinhança. Longlegs fazia bonecas com magia satânica, e a mãe de Lee as dava para as famílias. Em seguida, a magia dentro da boneca despertava uma fúria assassina nos moradores, forçando o pai da família a cometer os assassinatos. Ao final do filme, Lee mata sua mãe e precisa matar também seu superior, o detetive William, antes que ele mate a própria filha. Lee então decide atirar na boneca que a criança ganhou, mas sua arma está sem balas. A cena corta, e não sabemos o desfecho das duas, nem se a boneca foi destruída ou não.

Aos poucos, somos sugados para um filme desconfortável, muito parecido com Hereditário ou A Bruxa, mas que não é em momento algum chato ou sonolento. Muito pelo contrário, o silêncio e os momentos onde parece que nada acontece, misturados com o Nicolas Cage insano, nos dão um filme sufocante e imprevisível.

Longlegs || Hospício Nerd

Copyright Neon Productions

Lee e Longlegs

A parte que nos puxa pelo pescoço logo na primeira cena é toda a ambientação macabra que o filme traz. Parece que estamos vendo algo proibido, nos sentimos dentro de uma investigação da polícia de fato, algo muito parecido com o filme Seven e com O Silêncio dos Inocentes.

A detetive parece ser uma pessoa pacífica e o tempo todo incomodada com tudo, e de fato ela está. Lee parece saber de coisas que nem ela sabe a razão de ter aqueles conhecimentos e instintos, e só ao final descobrimos que ela possui esses instintos por causa da boneca dela, a conexão que ela tem com a boneca criada por Longlegs, que só vai ser destruída lá no final do filme, da a personagem instintos e uma sensibilidade quando ela chega perto do sobrenatural e de Longlegs, por isso ela passa mais da metade do filme se perguntando a razão dela estar o tempo todo desconfortável  no meio da investigação quase como se ela já soubesse o que iria acontecer e estivesse ligada intrinsecamente ao assassino, de fato ela está. Isso liga o filme tanto ao lado mais lógico e investigativo quanto ao sobrenatural, que é uma parte muito pequena do filme, muito introvertida, já que o filme se mantém mais atento ao realista até o início do terceiro ato. Mas, quando aparece, é perturbador.

E se a protagonista está incomodada com tudo aquilo sem saber a razão, o público também fica. Esse filme nos dá algo que eu não lembro de ter visto desde as séries do Mike Flanagan na Netflix (A Maldição da Residência Hill, A Queda da Casa Usher, etc.). Quem estiver de fato prestando atenção no filme vai ser recompensado com pistas que estão escondidas no escuro, e isso torna a investigação mais legal. Lee não está pensando sozinha; estamos investigando Longlegs com ela.

Nicolas Cage em seu melhor papel

Não vou mentir, Nicolas Cage não é meu ator favorito, mas Longlegs caiu como uma luva pra ele. Não seria exagero eu dizer que ele merece um Oscar por causa de sua atuação como Longlegs, muito menos dizer que é um dos melhores papéis da vida dele.

Ele sempre foi um ator muito espalhafatoso e peculiar, sempre oito ou oito mil, e aqui a personalidade bizarra dele encaixou tão bem em um personagem que não tem mais de vinte minutos em tela. Quando aparece, quase não vemos o rosto dele, com foco na boca em sua silhueta (que é a cena que abre o filme) Longlegs se comporta como uma entidade, bizarra demais pra ser humana e humana demais pra ser sobrenatural. E aqui temos a comparação com O Silêncio dos Inocentes: Hannibal também aparece pouco no filme e rouba a cena da mesma maneira que Nicolas Cage ofusca qualquer um quando surge em tela. Entramos no filme sem saber nada dele, e quando acaba, não sabemos muito mais do que quando começamos a respeito dele, e não saber nada sobre o personagem torna ele muito mais assustador.

O cinema teve seus vilões em filmes de terror como Jason, Hannibal, Jigsaw, e de alguma maneira, em pouquíssimo tempo de tela, Nicolas Cage consegue muito bem entrar nessa lista e se equiparar com outros, traumatizando tanto quanto ou até mais que grandes nomes. Eu dividiria um sonho com Freddy Krueger, uma cabana no meio da floresta com o Jason, mas jamais dividiria uma calçada com Longlegs.

 

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Texto por: David Alves 

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