{Resenha} ReZistência- Sombra e Mortos-vivos em terras mineiras

As teclas do computador vibravam sob minhas mãos para que eu escrevesse essa resenha!

!*AVISO*!

Para começar a ler ReZistência – O Início, você precisa ter em mente que essa é uma história brutal, violenta e sanguinária. Ler enquanto almoça não é uma boa opção (Experiência própria) O livro escrito pelo chefinho Flávio Paranhos foi lançado em abril de 2021 e traz a história de Davis, um ex militar que trazia o inferno às pessoas de que precisava obter informações durante seu tempo serviço. Após um evento odioso por parte de seus colegas, e de seu amigo, ele se vê à beira da insanidade e a abraça como uma antiga companheira. Anos isolados após sair do exército, Davis se muda para Minas Gerais para tentar viver uma vida normal, sem mais sangue, sem mais “Sombra”.

Tudo ia bem nesse processo, até algumas pessoas passarem a ter comportamentos estranhos. Atacar pessoas que estavam em seu canto, mastigá-las, arrancar seus membros para saciar sua  fome. Aquilo era desumano, ia além do natural. As coisas aconteceram rápidas demais e agora, Davis terá que viver num inferno muito pior do que aquele que fez pessoas passarem. Como se não bastasse o caos que o mundo se tornou, agora ele terá que enfrentar algo que jamais imaginaria: ter pessoas com quem realmente se importasse.

Jogo minha machadinha para o alto. Para começar a falar desse livro incrível, é importante dizer que o passado de Davis como um assassino e torturador tornou a experiência de ler essa história muito mais surpreendente.

Você sabe que ele não tem medo, sabe que por onde ele passar haverão poças de sangue. E isso torna o clima como você passa as páginas uma experiência no mínimo curiosa, pois nunca sabe até onde Davis vai para conseguir o que quer. A escrita é mais parecida com a forma como falamos cotidianamente, o que a torna mais fácil e mais visceral, porque traz uma certa aproximação entre aquele mundo em caos e seu dia a dia. O fato de se passar em terras tupiniquins torna essa familiaridade ainda mais forte. Com personagens extremamente carismáticos fazendo contraponto à personalidade inicialmente apagada de Davis, você estranhamente sorri em diversos momentos. Nem tudo está perdido.

A Jéssica, uma garotinha que Davis encontra em sua jornada passa a ser um dos pilares da história, suas interações com o protagonista são sempre icônicas, bonitas, fortes e que fariam o olhinho do Capitão América brilhar de tanta referência. De longe é a melhor parte da história esses dois. O ambiente em que essa história se passa é muito bem explorado, desenvolvido e o fato de ser ocorrer numa cidade comum faz você pensar que claramente você poderia acabar esbarrando com eles numa tarde de terça-feira.

Um livro com descrições pesadas sobre morte traz um a sensação quase visual dos eventos da história, o que ajuda na imersão, mas que ficará martelando sua mente depois de cada capítulo. Minha machadinha gira no ar e começa a cair.

Se você quer ver uma boa história sobre mortos-vivos, e, acima de tudo, sobre pessoas em condições inóspitas, essa é definitivamente a melhor opção. A obra não traz algo revolucionário sobre este tema, mas faz muito bem aquilo que se propõe, inclusive traz algumas surpresas e reviravoltas que você dificilmente imaginaria. O único ponto que me incomodou durante a leitura foi uma certa rapidez com que as coisas ocorrem, talvez alguns acontecimentos pudessem ter um pouco mais de tempo ou que fossem mais detalhados.

Contudo a história é contada na visão do próprio Davis, então isso faz parte da estrutura da trama, por isso não chega a ser um problema. A machadinha cai em minha mão

No fim das contas, é uma história envolvente, que te prenderá para querer saber o próximo capítulo de forma natural, sem um evento “Deus Ex Machina”. A trama é fluida e se desenvolve de forma íntegra e humana, tanto a parte boa, quanto a ruim da humanidade. Personagens bem escritos, ambientes reais e bem detalhados e uma brutalidade singular fazem parte de um livro memorável, marcante Que despertará a ansiedade para a sequência Agora enquanto limpo minha machadinha do sangue da última pessoa que não gostou desse livro, guardo ela na minha cintura e olho no fundo dos teus olhos e espero por sua opinião. Espero muito que goste.

Ela vibra ao lado do meu corpo esperando uma resposta.

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