A influência da cultura cyberpunk no entretenimento e na sociedade

Cyberpunk está em todo lugar, mais do que você pensa.

Um estudo apresentou os reflexos da cultura cyberpunk nos movimentos culturais do entretenimento e consumo virtual.

A WSGN (Worth Global Style Network) é uma empresa autoridade global em tendências de consumo e design e ajuda marcas ao redor do mundo a criar produtos e serviços no momento certo.

Nesta quinta (26), a WSGN em parceria com a CD Projekt Red e a Warner Bros. Games, responsáveis pela produção e distribuição do game Cyberpunk 2077, apresentaram um estudo inédito sobre a relação da cultura cyberpunk e os novos movimentos digitais do mundo contemporâneo.

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(Night City em Cyberpunk 2077 – Via: TwistedVoxel)

Importante levar em consideração que, no passado, nós seres humanos sempre imaginávamos como seria o futuro e os anos 2000. Muito do que imaginávamos não se tornou realidade. Se pegarmos como exemplo a série de filmes De Volta para o Futuro, o ano de 2015 retratado no segundo filme mostra muitas coisas que não se tornaram parte do nosso cotidiano, como por exemplo, carros voadores.

Antes de falarmos do estudo propriamente dito, é interessante introduzir o conceito cyberpunk. O conceito foi criado em 1980 pelo autor Bruce Bethke para o seu conto “Cyberpunk” e veio a se tornar um subgênero alternativo de ficção científica, conhecido pelo foco em “alta tecnologia e baixa qualidade de vida” (“High tech, low life”). Nessa sociedade de Bethke, inundada pelo estilo cyberpunk em reação a alta digitalização, as cidades são atordoadas com propagandas de grandes corporações e novidades tecnológicas que se tornaram cotidianas. Sempre com uma disparidade social enorme entre ricos e pobres. O gênero ficou muito conhecido no clássico filme Blade Runner de 1982.

Análise | 7 coisas que fazem de 'Blade Runner' um filme excepcional | by Rogério de Moraes | Redação Crítica | Medium

(Blade Runner – Via: Medium)

Falando sobre o estudo em si. Desde os anos 2000, o intenso movimento de digitalização vem transformando as formas como nos relacionamos, comunicamos e consumimos. O lançamento do jogo Cyberpunk 2077 resgatou esse diálogo e trouxe o questionamento: quais os reflexos e impactos da cultura cyberpunk na sociedade digitalizada de hoje?

Abaixo listamos os 8 movimentos apresentados pelo estudo:

Coleções de grandes marcas digitalizadas: Desde a efervescência da moda nas redes sociais, usuários procuram esbanjar variedade e vêm tentando evitar serem fotografados no mesmo look duas vezes, mas com a sustentabilidade se tornando um fator-chave no comportamento de compra do consumidor, o fast-fashion está mudando de cabeça com a introdução do fast-fashion digital. Recentemente até tivemos algumas empresas que venderam peças de vestimenta como NFT, com filtros para aplicar a peça digitalmente em fotos.

Influencers digitais: A economia dos influenciadores virtuais está se consolidando de maneira mais clara nos últimos quatro anos, e finalmente está atingindo a adoção em massa. A relevância dos digital influencers vem se tornando cada vez maior, com seu número de seguidores sendo diretamente proporcional ao seu impacto e valor, sendo muito procurados para fazer publicidade principalmente.

Filtros e identidades virtuais: Conforme a capacidade de interagir e se conectar com outras pessoas em mundos virtuais amadurece, nossas formas físicas serão transferidas para o reino digital, permitindo que os humanos ampliem suas capacidades e interajam com as pessoas de novas maneiras. Artistas musicais do mundo real estão desenvolvendo réplicas digitais para estrelar seus videoclipes, enquanto profissionais criativos especializados em 3D estão criando seus gêmeos digitais. Acrescento a isso os mascotes virtuais de várias empresas, que tem tomado bastante força. Sim, isso é muito Black Mirror.

Experiências musicais interativas: Enquanto a indústria de música ao vivo precisou avaliar seu futuro durante a pandemia de Covid-19, a mudança de curto prazo que muitos artistas fizeram para eventos online está dando origem a formatos inovadores e caminhos para monetização em longo prazo. Trazendo inovações como o controle total do usuário sobre a narrativa de videoclipes, o uso da tecnologia de reconhecimento facial, RA (realidade aumentada) e RV (realidade virtual), ou até mesmo experiências gamificadas. Quem aqui nunca assistiu a um show no Fortnite?

O ativismo phygital: Uma série de iniciativas digitais estão se consolidando em conjunto com protestos físicos, usadas de maneiras que vão além do ‘clictivismo’ para não apenas aumentar a conscientização digital, mas também criar mudanças duradouras no mundo real. A distinção entre o “clictivismo” de poltrona e o ativismo real está se tornando cada vez mais borrada, com um estudo de 2020 realizado por pesquisadores na Holanda que encontrou uma correlação positiva entre os esforços ativistas online e offline das pessoas. Em outras palavras, aqueles que se engajam no ativismo digital são mais propensos a agir, e a forma como uma causa atua online é uma parte fundamental de como ela é tratada na vida offline.

O impacto das NFT’s: Ainda presente de maneira insípida, o efervescente mercado dos Non-Fungible Tokens promete mudar a forma como nos relacionados com a distribuição e controle de artes digitais. A grande revolução se dá por um fator crucial, agora podemos patentear peças na “terra de ninguém”, levando a lógica de propriedade para o mundo virtual também. NFT tem sido um assunto bem relevante nos últimos tempos, e não apenas em artes digitais, como também para jogos, peças de roupa ou até mesmo para um tweet. Ainda é cedo para sabermos se as NFT’s vão vingar, mas tem sido pauta de muitas discussões.

A estética do futuro descolonizado: Nos últimos anos, um assunto que tem ganhado destaque no mundo todo é o conceito de descolonização. Cada vez mais disseminado e reconhecido como uma forma de retratar as narrativas de grupos minorizados e marginalizados, esse conceito trata de mudar o eixo narrativo para privilegiar histórias que foram convenientemente deixadas de lado. Esse movimento vem se aproximando da estética futurista e começa a representar realidades distópicas – muitas inspiradas diretamente no gênero Cyberpunk – em que somos confrontados com uma história diferente da que conhecemos e da que projetamos para o futuro.

Digi-destinos gamificados: O distanciamento nos forçou a procurar por novos meios de interação e locomoção, que migraram em grande peso para o virtual, e desestabilizaram a conexão com o físico. Os digi-destinos hoje são como um playground de marca, são as primeiras interações do que um dia se tornará um ambiente mais complexo, interconectado e imersivo, que permitirão às marcas oferecer comércio, comunidade e entretenimento. As marcas estão lançando destinos digitais para fãs por meio de novos aplicativos, nas redes sociais ou diretamente em seus sites próprios. O Metaverso também é um outro conceito muito discutido atualmente, temos quase que uma segunda vida no ambiente virtual.

Cyberpunk 2077 - Os melhores implantes cibernéticos do jogo - Critical Hits

(Cyberpunk 2077 – Via: CriticalHits)

Cyberpunk é um futuro distópico que pode não estar tão distante da nossa realidade. No game Cyberpunk 2077 temos introduzido o conceito de Neurodança, que nada mais é, do que uma experiência comercializada onde podemos visualizar memórias de outras pessoas. Não deixa de ser um tipo de realidade virtual. Também no próprio jogo, temos uma presença forte de implantes cibernéticos nos corpos dos personagens. Tais implantes inicialmente serviam como formas da medicina substituir algum tipo de deficiência ou falta de membros, mas com o passar do tempo se tornaram opções das pessoas de classes mais altas de obterem melhorias corporais. Em tal sociedade é dada muita importância ao “ter” em detrimento do “ser”, o que também não está tão distante do nosso momento atual.

A verdade é que sim, temos um pouco de cyberpunk em nossas vidas. A digitalização das coisas e o avanço tecnológico são quase que inevitáveis, e estão cada vez mais acelerados. O importante é que a sociedade aprenda a fazer bom uso das tecnologias.

Sobre o game Cyberpunk 2077, temos review aqui no site ou se preferir, em formato de vídeo no canal Uns Caras Que Jogam:

 

 

 

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