A Viúva Clicquot – Então… || Resenha
Eita “nois”!
Quando assisti ao filme “A Viúva Clicquot”, inicialmente esperava uma narrativa mais convencional, focada na vida de uma mulher do século XIX dedicada à sua família. No entanto, o filme surpreende ao retratar a trajetória de Barbe-Nicole Ponsardin, que, após a morte prematura de seu marido, desafia as normas sociais e legais da época ao assumir a vinícola da família. Ela se torna uma das primeiras grandes empresárias do mundo, enfrentando uma série de desafios financeiros e sociais em um período marcado por conflitos, instabilidade, machismo e patriarcado. Sua coragem e visão permitiram que ela transformasse a marca Veuve Clicquot em um dos nomes mais respeitados e duradouros da indústria de Champagne.
A performance de Haley Bennett, sob a direção de Thomas Napper, transmite com intensidade a luta interna e a determinação de Madame Clicquot. A decisão de manter o título de viúva, uma estratégia essencial para a continuidade dos negócios em um cenário onde as leis limitavam a atuação das mulheres, destaca a inteligência e a resiliência da protagonista. O filme também aborda a complexa relação de Barbe-Nicole com seu sogro, que, cético quanto à sua capacidade, representa o julgamento e as expectativas limitantes da sociedade da época.
Visualmente, o filme é uma obra rica em detalhes, especialmente na representação do processo de produção dos vinhos e champanhes. Desde o som das uvas sendo esmagadas até a tensão visível nas cenas em que as garrafas estão em risco de explosão devido à fermentação, esses elementos auditivos e visuais são notáveis e contribuem para a imersão do espectador na trama. No entanto, apesar dessa riqueza técnica, senti que a narrativa, em alguns momentos, careceu de um envolvimento emocional mais profundo, o que poderia ter elevado ainda mais o impacto do filme.
Embora o filme tenha méritos significativos, como a qualidade das atuações e a atenção aos detalhes históricos e técnicos, ele não conseguiu despertar em mim o desejo de explorar mais a fundo a história da Veuve Clicquot ou de adquirir seus produtos. É uma obra que, embora interessante e relevante, talvez funcione melhor como um estudo de caso sobre a vida e os desafios enfrentados por uma mulher à frente de seu tempo. Ainda assim, o legado de Madame Clicquot, que há mais de 250 anos se mantém vivo e influente, é sem dúvida digno de ser contado e lembrado, servindo de inspiração para futuras gerações. Não é um filme que me faria ir ao cinema, mas vale pelo documentário e estudo no streaming ou YouTube.
Por @henriquepheniato