Black Mirror – Sistema atualizado. || Resenha
Esqueça tudo! E abrace o novo!
Uma nova temporada de Black Mirror está disponível, e se tem uma coisa que precisa ser dita de início é: esqueça o que veio antes, esqueça os temas anteriores, o foco da narrativa futurista, a tecnologia como principal demônio e vilão criado pelo homem. A nova temporada de B.M vem um alvo específico, o ser humano é o principal vilão dele mesmo.
Nas temporadas anteriores o foco principal foi a tecnologia e como o humano a usa a seu favor e, ao mesmo tempo, cria uma arma engatilhada na própria cabeça, porém deu para notar um desgaste na narrativa, as tecnologias apresentadas ao longo dos episódios se tornava real em semanas ou anos depois. Os problemas políticos vindos de episódios como Hino Nacional, a expansão tecnológica dos algoritmos das redes sociais como no episódio Queda Livre, recentemente tivemos o anúncio do óculos de realidade aumentada da Apple que lembra muito as questões de episódios como Versão de testes ou Toda a sua história. Chegou um momento em que o próprio Charlie Brooker (um dos criadores da série) disse que era impossível competir com a realidade, por isso passamos quase 5 anos sem uma nova temporada, além de comentar que nesses últimos 4 anos que envolveu problemas políticos internacionais e pandemia, o mundo não precisava de histórias como as de Black Mirror.
Depois de 4 anos com problemas internacionais, a série retornou.
E como a nova temporada está?
A temporada 5 foi muito criticada por ser a mais fraca de todas, comparado com as três primeiras temporadas onde parecia que todos os episódios eram no mínimo muito bons, para nas temporadas seguintes, termos episódios horríveis, esquecíveis e no mínimo um muito bom. Mas para a nossa sorte, a nova temporada veio com uma atualização, novas maneiras de chamar a atenção do telespectador, e assim temos um resultado realmente positivo, mas que com toda certeza vai trazer muita discussão.
A série se aproveitou dos últimos 4 anos para trazer para os episódios questões atuais, chega de tramas de um futuro próximo, agora todos os episódios estão ou em tempos atuais, ou no passado, especificamente entre os anos 60 e 90. E tudo isso é para trazer o principal vilão para a trama, o próprio ser humano. Temos dessa vez questões como os algoritmos adaptáveis para seus usuários em streamings, fazendo uma paródia da própria Netflix no episódio Joan é péssima, além dele temos o episódio Loch Henry trazendo o conteúdo de “True crime” que teve um crescimento gigantesco nos anos de pandemia principalmente nos podcasts.
Black Mirror deixou de criticar a tecnologia e o uso dela, para criticar o ser humano e como ele é péssimo com todos os outros em todo momento que achar melhor, nessa temporada temos até aventuras que puxam para o sobrenatural, mas usando desses gêneros para trazer criticas políticas e midiáticas como as questões de extremismos de direita ou paparazzis que se importam bem mais com o dinheiro que vão ganhar do que com as vidas que vão arruinar.
Muito provavelmente dois episódios vão te fazer falar “isso não é Black Mirror”, mas existem dois que se destacam e realmente mostram o que é Black Mirror: Joan é péssima, e Beyond the Sea.
Como já dito, Joan é péssimo retrata a crítica aos streamings e como eles fazem com que não sejamos protagonistas de nossas próprias vidas, Joan é uma moça que descobre ter sua vida roubada quando um famoso serviço de streaming está fazendo uma série com base na sua vida, e na produção ela é interpretada por Salma Hayek.
Beyond the Sea vem estrelado por Aaron Paul (Jesse Pinkman de Breaking Bad) no papel de um astronauta em 1969, o episódio traz o retrô com o futurista quando nos leva para o final dos anos 60, mas com uma tecnologia que proporciona para os astronautas estarem ao mesmo tempo, com suas famílias e na estação especial em uma missão de quase 10 anos. Esse muito provavelmente será o episódio mais elogiado da temporada, trazendo aquela sensação das primeiras temporadas onde nós falamos “O que foi isso que eu assisti” perturbando os nossos sentidos e provocando o espectador a todo momento. E o suco de Black Mirror no quesito PERTURBADOR
A maioria dos episódios se passa no passado e nos faz refletir como o verdadeiro mal não está no futuro, não está na tecnologia que usamos, ou no ano em que estamos, o verdadeiro mal está em nós em todo momento, seja você um astronauta, um paparazzi, ou uma simples vendedora de sapatos.
Sem dúvida é a temporada que nos mostra como Black Mirror precisava ser atualizada como um sistema que precisa servir melhor ao seu usuário, vindo com novas formas de contar história para os tempos atuais depois da pandemia e das crises politicas internacionais, que trará muitas discussões e terapias para quem assisti-la.
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