Entrevista com Hannah Abranches- Zerando o Artist’s Valley

Que tal conhecer um pouco mais sobre Hannah Abranches, artista que marcou presença  no Artist’s Valley da CCXP23?

Que a CCXP é o maior evento de cultura nerd do Brasil todos sabemos, e que ela traz uma quantidade enorme de artistas de diversas regiões do país e do mundo também.

O Artist’s Valley é o ponto de encontro desses nomes. Então nós do Hospício Nerd fomos entrevistar alguns desses artistas pra divulgar e valorizar os artistas nacionais!

Então, que tal conhecermos a primeira entrevistada desse nosso projeto?

Hannah Abranches
X @HannahAbranches

Hannah Abranches

A artista de 21 anos, nascida e crescida em Belo Horizonte é ilustradora e quadrinista. Trabalha com ilustração digital, diagramação, afinal como ela diz: “A gente fica sempre se reinventando nesse mercado da arte”

Hannah Abranches
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Hanna começou a ter a arte como trabalho no ano de 2021, quando de fato passou a monetizar sua arte, mas sua relação com ela começou muito antes. Com Seus 18 anos tomou a decisão de realmente querer fazer parte desse mundo da arte, porque, segundo ela: ”Quando você é artista, não consegue fazer outra coisa da vida. A gente aguenta porque a gente ama isso.”

Para acompanhar o trabalho de Hannah mais de perto, siga-a no Instagram

Quando perguntada sobre a origem do interesse pelos desenhos, Hanna lembrou os tempos com sua avó e ressaltou a leitura de quadrinhos como inspiração. Ela sempre estava tentando copiar os desenhos dos quadrinhos, escrevendo histórias. Contou que para escrever um livro de texto corrido, não é a mais habilidosa. Sua preferência fica em contar histórias visuais: “Foi assim que eu comecei. Falei assim “Caramba, eu acho que dá pra contar histórias por desenhos!”

Seu começo precisava ser de algum ponto,  então o papel e o lápis foram bons companheiros durante seu início, mas a tecnologia passou a integrar seu trabalho também. A aquisição da sua primeira mesa digitalizadora, por volta de 2014 precisou de um tempo de adequação à nova ferramenta, mas que aos poucos passou a ser quase tão natural quanto as primeiras.

O feedback

E é claro que todo esse trabalho teve uma primeira publicação, teve uma primeira mostra para o público que foi no Instagram:

“Foi bem nos primórdios, quando ele ainda era bom. O algoritmo não era pautado em acabar com a gente. Eu lembro que a gente tinha um feedback muito legal quando a gente fazia uma postagem, tinha um retorno bacana de curtidas. Querendo ou não, a gente se sente muito bem. Quando a gente ganha as curtidas, a gente se sente validada. Então, quando eu vi esse feedback das pessoas, elas gostando e tal, e do apoio que o público estava me dando, eu falei, “nossa, então eu acho que eu posso fazer isso na minha vida…”

Hannah Abranches
X @HannahAbranches

O apoio

Além do feedback do público, Hannah também agradeceu o apoio de sua família, que para ela, é uma das coisas que mais valoriza na sua história. Afinal, a carreira das artes pode acabar gerando dúvidas para aqueles que estão acostumados com as carreiras tradicionais.

“E é um mercado muito incerto para quem está começando. Mas meus pais ficaram do meu lado, tenho o apoio deles. E eles terem falado que me apoiam, que respeitam a minha escolha. Mesmo que eles não gostem, mesmo que não seja o ideal para eles, talvez eles quisessem um caminho diferente para mim, eles ainda me respeitam, então eu acho que isso foi muito importante e eu acho que para qualquer um isso faz muita diferença. Quando se é artista que está começando, você se sente bem validado e é ótimo.

Qual a identidade de Hannah?

Entrando um pouco mais sobre a técnica dos desenhos, sobre seu traço, sua identidade, a resposta foi sobre a dificuldade de dizer o que é exatamente sua identidade própria e a evolução desse processo, destacando a questão “O que é nosso?”

Hannah Abranches
X @HannahAbranches

“O nosso gosto pelo estilo de arte e o que a gente consegue alcançar e como eles crescem de forma diferente com o seu gosto vão mudando, tipo, muito rápido. Você vai se interessando por coisas novas a todo o momento, então ele vai sendo aperfeiçoado de uma maneira muito mais rápido do que você consegue evoluir porque exige tempo, exige treino

Hannah chama atenção também para a relação do seu traço com aquilo no qual ela quer chegar, aperfeiçoando, absorvendo referências, sendo um processo dinâmico essa evolução pessoal.

Yen: Uma Aventura Mágica

Entre as produções da Hannah, Yen é uma de suas maiores empreitadas. O processo de produção da sua história em quadrinhos completamente autoral foi, segundo ela, muito confuso e complicado, ao mesmo tempo que queria trazer aquela história para o público de toda forma, levar uma lição para os leitores.

Hannah Abranches
X @HannahAbranches

Nessa época, ela publicou algumas páginas Yen em seu instagram, ao que explicou:

“Eu queria que ela chegasse a mais pessoas, principalmente escolas, que é uma coisa que hoje eu valorizo muito, quando o meu livro chega na biblioteca de alguma escola e as crianças podem ler. Podem, principalmente, se identificar com o quadrinho e não perder esse hábito de leitura. Eu queria que como os quadrinhos me tocaram na infância, tocassem alguém. É só por isso que decidi publicar.”

E quando saber que uma obra está pronta?

Sempre na produção de uma obra, chega o momento de finalizá-la e entregar ao público, e o momento certo de fazer isso é sempre uma grande questão. Yen levou quatro anos para ser produzido. Passando pelo meio de mudanças do próprio traço de Hanna, o que gerou um desconforto com relação ao que ela achava de seus feitos até então

Hannah Abranches
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“Eu não estava completamente satisfeita. Mas é o que uma colega minha chamada Rebeca Prado falou: o nosso projeto nunca está 100%, eles nunca estão completos, mas tem que saber a hora de você parar e entregar eles para o mundo, porque ele é seu. Então ele nunca vai estar concluído. Você sempre vai querer melhorar, mas chega 1 hora que a gente precisa ter um deadline, a gente precisa impor esse limite para nós mesmos. Eu lembro que tinha mandado 2 capítulos pra editora. Eles leram e falaram assim, legal, gostamos, pode continuar aí que a gente vai querer publicar. Foi surreal.

Ela reiterou também a necessidade do incentivo à leitura no cenário brasileiro, com a maior democratização do acesso à leitura e a valorização dos artistas, especialmente dos nacionais.

Para ver um pouco mais do quadrinho autoral de Hannah, só acessar o seu site.

Hannah e a CCXP

Em se tratando de uma artista que esteve no Artist’s Valley da CCXP22 e CCXP23, quando perguntada sobre a experiência de estar num grande evento desses, afirmou:

“Foi muito doido. Em 2022 eu cheguei uma pequena padawan. Estava ali para aprender. E fui abraçada pelo evento, eu tive ajudante na mesa, eu cheguei lá, estava assinando o livro vendendo livros e eu me senti tão grande. Onde eu cheguei?! Em 2022 estava preparando o terreno, 2023 eu já cheguei já sabendo. Quem sabe aí nos próximos eu já não vou estar fazendo o meu nome?”

Hannah Abranches
X @HannahAbranches

Sobre o futuro, ela garante sua permanência nas produções de quadrinhos, tentando expandir seu público, mas sempre tentando levar suas histórias especialmente para as crianças. Marcar presença nos eventos e aumentar o networking também estão nos planos de Hannah para os próximos anos.

E pra finalizar, nada mais justo que a pergunta principal:

Qual a coisa mais louca que aconteceu com a Hannah?

“Na CCXP 23, os dubladores do Homem-Aranha no aranhaverso chegando na minha mesa, um monte deles vendo os meus prints e falando assim, nossa, que lindo e tal. E no momento de que a minha cabeça estava explodindo e falei “Caral$@, como assim? Essas pessoas chegaram até mim?”. Gente já me encontrando e falando “Nossa eu te acompanho”  no Instagram, em evento e falando “Ah, você é famosa”, isso é da hora. Deixa eu ver, quanta coisa maluca… Gente pedindo uma encomenda de desenho, querendo pagar em divulgação, que é uma das coisas mais malucas para mim…

Hannah Abranches
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Uma mensagem para os iniciantes do mundo da arte:

“O processo de chegar até onde você quer, ele é um caminho esburacado. Como a gente falou, tem altos e baixos. Não vai ser todo dia que vai ser bom, né? Quando se é artista não significa que você não vai ter que trabalhar nem um dia da sua vida. Porque a gente trabalha e trabalha muito.”

“Mas fazendo o que você gosta, você nunca vai desistir do que você está buscando. Então não deixe que as outras pessoas também façam esse sonho que você tem morrer porque a gente está precisando de mais pessoas, artistas assim, que realmente têm uma visão mais humanizada.

“É um caminho muito árduo para chegar onde você quer, mas é muito divertido também. Você vai ter momentos maravilhosos e as pessoas que você conhece são incríveis e se elas puderem te dar esse apoio e te ajudar, o caminho vai ser melhor ainda. A verdadeira arte são os amigos que nós fazemos pelo caminho.”

 

 

 

Esse é o começo de um projeto do Hospício Nerd a fim de divulgar mais artistas nacionais e independentes.
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