Gen V – Grotesco, diabólico e vazio || Resenha
Acha que passou de ano?
Gen V é uma série spin-off de The Boys focando em uma universidade de Supers, a ideia é boa, a execução nem tanto.
A história gira em torno de Marie Moreau (Jaz Sinclair), uma adolescente que descobre que tem poderes de controlar o sangue. Ela é mandada para a universidade Godolkin, responsável por não apenas ensinar Super-humanos, mas também é de lá que a empresa Vought conhece heróis em potencial, como o Trem Bala, por exemplo. Marie conhece pessoas tão problemáticas quanto ela, mas depois descobre que a universidade esconde segredos que podem afetar diretamente a vida de qualquer um com habilidades especiais.
A trama tinha tudo para ser um grande lançamento da plataforma, tem uma história tão poderosa quanto a de The Boys, além de personagens muito únicos… até a página dois. Gen V viu tudo o que deu certo em três temporadas de sua série principal e mirou para o outro lado. The Boys surgiu em 2019 trazendo o grotesco para o mundo dos heróis, o lado podre deles, mostrando maneiras inusitadas de usar os poderes e como muitos usam em causa própria e não pelo bem dos outros. O que atraía os olhares era a violência e a sacanagem, mas isso era uma casca para um conteúdo muito rico embaixo de tudo isso, com personagens muito carismáticos e um enredo que ia esquentando aos poucos até explodir na tela.
The Boys era uma série que dizia “gostou dessa cena de violência? E aquela nudez? Legal. Agora que eu tenho a sua atenção, preste atenção nessa história aqui que é massa”. Com isso, a série tinha momentos muito chocantes visualmente, mas nunca esquecia o potencial narrativo que vinha com isso, o carisma que transbordava a tela vindo de personagens como Bruto e Capitão Pátria, todo o lado nojento do marketing em volta dos heróis com as cenas da Vought, e sempre com temas delicados e atemporais, como no caso da Tempesta e seu passado nazista.
Gen V viu isso e esqueceu que a série deveria ter uma trama embaixo do ridículo. E para ser justo, a série até tem uma história, mas no meio de sangue e sacanagem, ela é quase uma sombra. O ator brasileiro Marco Pigossi é chamado para compor o elenco, interpretando o Doutor Edison Cardosa, e com ele somos apresentados ao problema com o qual os personagens estarão envolvidos. O Doutor é responsável por criar uma doença contagiosa e MORTAL para os supers. Não bastando isso, somos apresentados às cobaias daquele local, que estão agonizando de dor com a doença em seu estado mais leve. Quem assiste The Boys sabe como existem personagens que adorariam ter essa doença como uma vantagem, especialmente o Billy Bruto.
Só que, até termos noção dessa trama, precisamos ver muitas cenas de sexo desnecessárias, genitais explodindo, violência existindo só pela violência e sem nenhum propósito aparente. No final, até esquecemos que a série tem uma história, sem contar os personagens que são até interessantes, mas com carisma nulo, mesmo aqueles com os poderes mais legais são totalmente vazios. Vamos colocar a protagonista como foco aqui, a Marie foi a responsável pela morte de seus pais e está em busca de sua irmã desde que foram separadas. Isso é uma trama bacana, que morre no carisma da personagem e nas cenas grotescas e sem razão de estarem dividindo o tempo do episódio. Marie é capaz de controlar o sangue, dessa maneira ela seria uma das únicas capazes de matar o próprio Capitão Pátria. Faria muito sentido a gestão da Godolkin e a Vought estarem de olho nessa garota, uma vez que o seu grande herói agora está sem coleira e fazendo o que bem quiser.
A segunda temporada já foi confirmada, é seguro afirmar que virá depois da próxima temporada de The Boys. Então, assim como a série principal, uma melhora constante no enredo e nos personagens é perfeitamente possível. Só esperamos que debaixo de pilhas de sangue e genitais exista uma história mais interessante para contar.
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