Herói de Sangue – Amor de pai e filho || Resenha
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No dia 13 de julho de 2023 chegou aos cinemas brasileiros o filme “Herói de Sangue” (Tirailleurs), cuja história foi baseada em fatos reais, tratando-se dos horrores da Primeira Guerra Mundial entrelaçados com o amor paterno, entregando uma trama comovente e impactante.
O filme conta a história de Bakary Diallo, um homem que vive em uma comunidade senegalesa com sua família, e que se vê na necessidade de proteger seu filho do recrutamento militar forçado pelos franceses. Esse recrutamento levou vários jovens africanos a atuarem no front da Primeira Guerra Mundial, sendo um episódio histórico quase esquecido, uma vez que não é retratado nas escolas, livros ou filmes.
O protagonista, Bakary, é interpretado por Omar Sy, que também é um dos responsáveis pela produção do longa. Seu filho, o personagem Thierno, é interpretado por Alassane Diong, que demonstram juntos um excelente trabalho em emocionar quem está assistindo, transmitindo a verdadeira angústia da situação. Pai e filho estão condenados desde o começo à crueldade da guerra, da qual seus aliados involuntários não os deixariam escapar. Dessa forma, é possível notar uma diferença em comparação com outros filmes de guerra, onde é mostrado apenas o confronto entre soldados de lados diferentes. O ponto chave do filme não tem a ver com orgulho, honra e determinação, que são tidos como os princípios da guerra, mas sim com um pai que só queria garantir desesperadamente que seu filho sobrevivesse.
Durante o filme, o jovem Thierno, que estudou em uma escola de colonizadores, tem domínio sobre a língua francesa e se aproxima aos poucos do alto escalão militar como forma de tentar encontrar uma maneira de proteger seu pai e a si mesmo. No entanto, ele vai sendo iludido com as falas e promessas dos franceses sobre benefícios aos povos africanos caso ganhassem a guerra. Assim, entra em conflito com seu pai sobre como deveriam lidar com a situação, querendo realmente lutar na guerra. Nesse embate, explora-se todo o medo do pai de perder o filho, trazendo momentos muito emblemáticos em relação ao amor paterno.
O filme não apresenta uma fotografia inovadora, mas se sai bem no que se propõe, especialmente no roteiro. Olivier Demangel e Mathieu Vadepied trabalham bem com os fatos baseados em relatos reais, explorando essa mancha sombria na história francesa. Além disso, o filme possui ótimos cortes que trazem a dinamicidade necessária na narrativa.
Dessa forma, vale muito a pena conferir o filme, que proporciona uma nova ótica sobre um período tão triste da história, destacando o modo de participação do povo africano em uma guerra que não era deles, demonstrando como esses fatos de tamanha importância podem ser muito bem explorados nas telonas.
“Meu filho, mesmo se eu sofrer no frio, mesmo se eu sofrer de esquecimento, estou no seu sangue que corre nas suas veias, e nas veias dos seus filhos e dos filhos dos seus filhos”