June e Jhon – Carpe Diem Na Vida Real || Resenha

Se liga!
A cabine de hoje foi sobre um filme chamado June e John. E minha opinião sobre o longa: logo no início, eu pude sentir toda a aflição do personagem principal — o cara tá imerso numa rotina burocrática. Ele é contador e, portanto, tá preso num ciclo vicioso: acordar cedo, ir pro trabalho, suportar um chefe fascista e assediador, aguentar a rotina de trabalho e, em seguida, voltar pra casa.
O filme, por sinal, retrata muito bem essas realidades do sistema, onde as pessoas imprimem o que há de pior nelas. Além disso, inicia-se um efeito dominó: uma coisa dá errado e vai interferindo em várias outras. Nesse sentido, o personagem criou um sistema onde ele esperava que a vida cooperasse, mas a burocracia, por sua vez, só traz problema — e isso em todas as camadas. Teve um momento em que eu pensei: “Esse cara vai surtar”. E, do jeito que eu imaginava, ele quase surtou mesmo. Aí eu senti a dor do personagem e até pensei: “Poxa, esse cara não vai explodir, não? Se fosse eu, como seria?”

Quem não surtaria nessa situação?
No ápice do caos, no pior momento da vida do personagem, ele encontra essa persona chamada June. Ela surge como uma tentativa de conhecer alguém como ele, num espaço totalmente caótico e sem graça. Por outro lado, essa mesma personagem consegue tirá-lo da zona de conforto. Uma palavra que define esse filme seria: desintoxicação do sistema. E como isso aconteceu? O filme retrata isso de uma forma muito mágica, extrapola a poesia — é lindo. Eu busco palavras, portanto, pra tentar expressar o que senti nesse filme, e o que senti foi de extrema satisfação e extremo prazer. Não só pela qualidade técnica, como a fotografia e a trilha sonora (que foram muito bem aplicadas), mas também pelo subtexto que esse filme traz sobre olhar pra natureza.
Em contrapartida, é importante destacar que, mesmo com toda essa crítica, o filme não perde a leveza em alguns momentos.
Vi no real o que percebi no filme
Tô num shopping, neste exato momento, escrevendo esta resenha. E o filme, em certo ponto, traz esse olhar pro shopping, onde as plantas são artificiais. A personagem June, aliás, faz a gente refletir sobre nosso relacionamento com a natureza — como, literalmente, somos feitos um para o outro. Exatamente como vejo as coisas aqui, neste shopping. E é isso: a vida, o sistema, o capitalismo têm nos distanciado dessas coisas.
Por conseguinte, esse filme traz um olhar pro natural, pro verde, e isso é demasiadamente encantador. Eu saio desse filme, inclusive, querendo morar na floresta, querendo ter contato com a natureza, com os animais. Além disso, em certo momento, mostra o caos do personagem, com comportamentos abruptos e muito malucos, mas depois ela se encontra, provocando o personagem John, que tá preso numa Matrix capitalista — ele, contador, trabalhando num banco, totalmente imerso numa vida que suga suas emoções, sonhos e realidades.

Um convite a rever a “criança interior”
Esse personagem, por sua vez, tem um diálogo onde a gente entende que os desejos de criança dele foram mortos, e ele, na vida adulta, tem que lidar com outras realidades. Essa June, portanto, faz o papel de um anjo resgatador — parece, inclusive, um tipo de filme que te faz pensar: “Pô, queria que aparecesse um anjo desse pra me salvar da minha realidade.”
Não é o meu caso, pois já sou liberto disso há muito tempo (risos), mas quando você vê esse reflexo retratado, dá pra imaginar que isso pudesse acontecer. Esse filme, eu diria, é uma didática pra viver. Entretanto, o caminho que o filme toma não é o mais legal de todos — não é indicado que as pessoas façam o que o personagem fez. Por outro lado, tem uma perspectiva metafórica muito linda, e é algo que eu recomendo pras pessoas refletirem antes de seguir esse caminho.
Concluindo
Sobre esse filme, eu deixo minha nota máxima de avaliação. Espero, portanto, que ele seja contemplado com prêmios, Oscar, festivais e tudo mais, porque é um filme gostoso de assistir, com uma submensagem incrível. Apesar de que alguns filmes bons como esse, infelizmente, nem sempre recebem o reconhecimento que merecem — e eu nem sei bem o porquê. Mas é um ótimo trabalho, e merece o meu reconhecimento como crítico cinéfilo do Hospício Nerd.
Em resumo: esse filme me atravessa em várias camadas.
Eu, como amante da natureza, me identifico muito com a personagem June e com o prazer de ver através das pessoas, de ver através da natureza. Esse filme, afinal, é fantástico pra mostrar como isso tá em falta hoje em dia — e como a gente deveria encontrar nossa June interior, no sentido de viver a vida em toda a sua totalidade e beleza. Em síntese, é uma espécie de gratidão pelo presente momento. Isso é muito carpe diem.