Mallandro, O Errado Que Deu Certo – Glu glu! || Resenha
E não é pegadinha!!
Um filme que tinha tudo para ser simples. Não teve efeitos especiais, nem abuso exagerado de croma key e tecnologia CGI. Ele trouxe o mais simples e perfeito que o cinema brasileiro pode proporcionar: a criatividade para fazer um bom trabalho. É um filme intenso psicologicamente, tão pesado quanto uma água gelada no estômago vazio. Embora não trate diretamente sobre a fome, aborda a roda-gigante da vida, onde um dia você está embaixo e no outro está lá em cima, e logo depois, volta a estar embaixo. É a virada dos dilemas da nossa vida.
O filme apresentou pontos muito curiosos que me deixaram em dúvida se foram questões técnicas ou escolhas deliberadas, como imagem granulada e desfocada. Não gostei do estereótipo do motoclube; faltou pesquisa sobre o movimento, o que empobreceu o conteúdo cênico. Mas, enfim… Seguimos.
Há filmes sobre os quais consigo escrever facilmente após assistir, mas com este, “Malandro Errado que Deu Certo”, demorei 48 horas para começar a escrever, refletindo profundamente. Esse filme me acertou em cheio e me fez pensar sobre viver a vida não apenas como trabalho, mas também aproveitar os bons momentos. Reflete sobre buscar a fama, o trabalho, o poder e o status social. Até atores renomados enfrentam dificuldades em conseguir novos trabalhos após serem fortemente associados a um personagem de sucesso.
Sérgio Malandro, por exemplo, é reconhecido pelas pegadinhas, bordões e seu estilo caricato. Ele teve comerciais e trabalhos em várias áreas, mas o filme aborda a realidade dos artistas e como é difícil para eles. Reflete sobre o desejo de ser lembrado no mercado da arte e da cultura e de deixar uma marca eterna. Esta dificuldade não é exclusiva de Malandro; outros atores, como os de “Harry Potter” e “A Grande Família”, também enfrentam desafios para conseguir novos trabalhos devido à forte associação com seus personagens.
Um exemplo notável é Will Smith, que foi aconselhado a escolher bem o nome de seu personagem em “Um Maluco no Pedaço”, pois seria por ele que seria lembrado pelo resto da vida. Ele escolheu usar seu próprio nome, o que o ajudou a fixar sua identidade. No entanto, outros membros do elenco tiveram dificuldade em conseguir novos trabalhos, pois ficaram muito associados aos seus personagens. Este fenômeno é abordado no filme, mostrando a ascensão e a volta do personagem de Malandro ao mercado.
O filme é uma reflexão sobre o respeito a um grande artista e a importância do tratamento humano. Ele questiona como você agiria se visse um artista famoso e conhecido. Provocaria com os bordões famosos? Gravaria um vídeo? Ou daria o devido respeito humano? É isso que o filme desperta: uma reflexão profunda. Não é um filme para longas risadas, mas um que deixa uma marca reflexiva. Sérgio Malandro não perdeu sua graciosidade; ele continua ativo, fazendo stand-up e várias apresentações. Por tudo isso, recomendo assistir ao filme para refletir sobre esses temas importantes.
By Henrique Pheniatto