My Liberation Notes – O poder das escolhas na busca pela libertação || Resenha (COM SPOILER!)
Oi, gente! Vamos falar de doramas hoje?
My Liberation Notes é um k-drama dirigido por Kim Suk-Yoon (Law School) e escrito pela premiada Park Hae-Young (My Mister), que tem 1 temporada com 16 episódios. Já era muito aguardado pelos fãs da roteirista, que sabem do talento da autora com dramas mais intimistas e relevantes, afinal, é dela o roteiro do aclamado pela crítica “My Mister” e do divertido “Another Miss Oh” (ambos disponíveis na Netflix Brasil). E mais uma vez, Hae-Young não decepcionou! My Liberation Notes tornou-se um sucesso dentro do público dorameiro, que levou a série ao trending topics do Twitter logo após a transmissão do último episódio.
Sinopse (AsianWiki)
“My Liberation Notes” conta a história de três irmãos e um estranho.
Yeom Chang-Hee (Lee Min-Ki) é o filho do meio dos três irmãos. Ele quer fugir da casa de sua família em Sanpo Village, mas não tem um sonho e passa a vida sem sentido. Ele é desprezado por seus familiares. Yeom Mi-Jeong (Kim Ji-Won) é o filho mais novo dos três irmãos. Ela gostaria de ser libertada de sua vida chata, mas é introvertida e tímida. Ela é solitária e se sente insatisfeita em sua vida. Já Yeom Gi-Jeong (Lee El) é a filha mais velha dos três irmãos. Ela tem um temperamento quente. Ela perde muito tempo indo para o trabalho em Seul de Sanpo Village. Sua vida está cheia de reclamações e ela quer encontrar o amor. E o Sr. Gu (Son Suk-Ku) é um homem misterioso, que aparece de repente na Vila Sanpo. Ele está sempre bêbado. Um dia, Yeom Mi-Jeong se aproxima dele.
Como realmente é
My Liberation Notes é um drama para absorver com calma. Ninguém se apega aos personagens logo de início, visto que são pessoas que atravessam dilemas pessoais, cada um a sua maneira. Os irmãos vão e voltam do trabalho juntos, mas pouco se comunicam e isso faz com que a gente entenda que a família tem questões mais profundas do que apenas morar distante da capital. Eles vivem com os pais numa área rural e, além do trabalho na cidade, precisam ajudar na colheita. O pai é um homem introvertido, raramente fala, mas é duro nas decisões e tem um relacionamento conflituoso com o filho, Chang-Hee, já que o rapaz parece nunca saber qual caminho seguir. É o forasteiro Sr. Gu quem tem a atenção da figura paterna da família.
A mãe, por outro lado, é uma mulher cansada, triste, que vive em torno dos trabalhos domésticos e ajuda o marido nas plantações e na fábrica de móveis. De certa forma, é ela quem mantém a família debaixo do mesmo teto, ao separar brigas e amenizar as discussões. Ela vai costurando os relacionamentos, fazendo com que a família permaneça ali, apesar de tantas diferenças.
A irmã mais velha, Gi-Jeong, tem uma personalidade explosiva e direta. Aliás, é fonte de discussões por onde passa e reclama muito da vida que leva. Ao mesmo tempo, ela é carente de amor e atenção e procura um relacionamento onde possa se sentir amada. Chang-Hee, por outro lado, é mais sonhador. Possui um grande senso de lealdade e sonha em viver uma vida melhor, apesar de não saber ao certo o que quer fazer. Os alívios cômicos da série são, na maioria, com Chang-Hee e seus amigos. Suas filosofias e conversas na mesa de bar são engraçadas, mas ao mesmo tempo reflexivas.
Mi-Jeong e Sr. Gu
Já a irmã caçula, Mi-Jeong, é o centro de desenvolvimento da história (a força do drama). Ela é calada, tímida, mas possui total consciência de suas limitações e de como quer levar a vida, embora busque a felicidade e não esteja satisfeita com a própria rotina. Ela é pragmática e evita conflitos, ao contrário dos irmãos que brigam o tempo todo. E é nesse vai e vem triste, que ela acaba se envolvendo com o misterioso Sr. Gu.
O personagem de Son Suk-Ku é um homem calado, alcoólatra e vive numa casa vizinha dos pais de Mi-Jeong. Apesar de ninguém saber nada dele, Gu trabalha ajudando o patriarca na fábrica. Com uma personalidade misteriosa, ele atrai e intriga Mi-Jeong, que um dia o confronta sobre o alcoolismo e pede que ele a adore, ao invés de passar os dias bebendo e não fazendo nada da vida.
Minhas Notas de Libertação (AVISO DE SPOILER A SEGUIR!!)
Mi-Jeong trabalha no departamento de design de uma empresa de cartões. O chefe a persegue e menospreza o seu trabalho, ela tem dificuldade em se relacionar com os colegas, principalmente por morar tão longe, e um dia é pressionada pelo RH a participar de um grupo de interação entre os funcionários. Ela resiste até ter a ideia de criar o Clube da Libertação, onde os colaboradores mais reservados e com dilemas pessoais, os famosos excluídos, se reúnem para falar sobre a vida e passam a escrever num caderno o que seria a libertação para eles. O que nos prende e nos impede de encontrar a felicidade? O que gostaríamos que fosse diferente? Essas são apenas algumas questões tratadas no grupo.
A minha opinião
My Liberation Notes entrou para a minha lista de favoritos. Aliás, é o gênero que mais gosto, vida real com uma pegada mais intimista (slice of life). Não é um drama que cativa qualquer público, afinal, algumas cenas são longas e sem diálogos, apenas com a reação dos atores ao ambiente. Eu acho isso formidável e a forma como a produção trouxe a diferença entre a vida do campo ( e o tédio dos personagens) e a vida em Seul (com as decepções de cada um) é impressionante. Além disso, de forma sutil e abusando das expressões do elenco, as lições são passadas cena por cena, minuto a minuto, até o momento em que a vida dá o recado e as coisas começam a tomar um rumo inesperado para eles.
A cena em que o Chang-Hee mostra o carro batido para o Sr. Gu e foge correndo chega a ser poética, pois começa como uma perseguição hilária e passa para um momento de introspecção e insights para os dois personagens, é quando eles percebem que as coisas precisam mudar.
Para concluir…
Além disso, o relacionamento do Sr. Gu e Mi-Jeong não é comum, eles entendem e aceitam os problemas e suas diferenças e admiram um ao outro. É algo baseado na confiança e no respeito pelo que sentem. Poucas vezes vemos cenas de carícias entre eles, mas sentimos na troca de olhares e nas atitudes o que um sente pelo outro. Isso fica ainda mais evidente quando Gu vai embora, forçando Mi Jeong a voltar para uma rotina que já não encaixa mais. Mas ela é resiliente e segue a vida, já ele cai novamente numa rotina de autodestruição. E são nesses momentos de virada que os atores brilham. Aliás, o elenco da série é fantástico. Além de Kim Ji-Won, Lee El está maravilhosa como a irmã mais velha reclamona que só quer se apaixonar.
A morte da mãe força os irmãos a tomarem as rédeas da própria vida. Aliás, que cena impressionante (e ao mesmo tempo assustadora) da mãe saindo da feira chorando. Aquela mulher que viveu para o marido e filhos, se negligenciou e acabou morrendo de cansaço e tristeza, dentro da própria casa é um retrato de como vivem muitas mulheres. E ali marca uma nova fase dentro daquela família. Depois da tragédia, cada um decide dar um rumo para a própria vida, mesmo que não fosse o antes sonhado. E o reencontro entre Mi Jeong e o Sr. Gu merece ser visto e revisto várias vezes.
Difícil dizer adeus…
Enfim, muita coisa poderia ser dita sobre My Liberation Notes. Eu tive dificuldade em me despedir dos personagens. Cada minuto desse drama traz uma mensagem valiosa para a vida, e o melhor de tudo é que sem cenas clichê. No incrível roteiro de Park Hae-Young, a mensagem é a de que a vida é difícil sim, mas ser feliz depende de cada um. E mesmo naquele dia difícil, algo de bom acontece, seja por segundos ou minutos, algo vai te fazer sorrir. Então, a ideia que fica é: Seja feliz por você, não espere ter alguém. Saiba os seus limites e se respeite. Aproveite os momentos, só você pode mudar o próprio destino.
É para assistir de coração aberto e prestar atenção aos detalhes. My Liberation Notes é um drama de esperança e conforto. A série consta no catálogo da Netflix Brasil com o título “Meu Diário para a Liberdade”, mas ainda não tem data de estreia.
“Corra atrás da sua libertação, seja ela qual for”. My Liberation Notes
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Eu sou Ana Paula Ribeiro e o meu perfil no Twitter é o ninapaularr.
Como é bom ler uma resenha cheia de detalhes e pormenores. Já despertou vontade de assistir. Já vou começar essa semana. Quero assistir e lembrar de tudo que você escreveu. Muito bom!
Cenas longas e mudas não são meu forte. Sou agitada, mas vou conferir pelo enredo denso …
Acabei de ver o drama e ler esses comentários me deixou ainda mais maravilhada. Com certeza, não é um dorama que agrade um bom público. Não há clichês. Há mensagens que nos levam a pensar em como seguimos nessa busca e/ou nessa sobrevivência. A vida nunca será a mesma depois de perder uma mãe ou um pai e isso foi mostrado de forma magnífica. Como o dorama My mister, Diário para a liberdade é um despertar para avaliar a própria vida e saber repensar e ficar atento às escolhas. Amei a postagem!
My Liberation Notes entrou também para a minha lista de favoritos, assim como My Mister. É amargo, um balde de água fria diante de tantos doramas de comédia leve e romance adocicado, mas de uma complexidade e uma beleza ímpares; leva-nos a um mergulho em nós mesmos. E o que me impressiona também é a belíssima trilha sonora. A música Deeply (Hen) retrata muito bem o Sr. Gu e a Mi-Jeong.
É bem isso, Doris. Leva-nos a um mergulho em nós mesmos!!
Também sou fã do estilo slice of life, gosto de me sentir as dores e alegrias dos personagens como se fosse eu. Não queria que acabasse. Por mim teria 50 capítulos. Queria continuar vivendo as histórias deles. Um drama excepcional, assim como My Mister da mesma autora. Sensível,e profundo.
Acabei de assistir. Entra fácil na lista dos 10 melhores doramas dos últimos 5 anos. Roteiro ímpar com elenco excepcional. Para mim, uma das melhores séries de todos os tempos!