Nosferatu – Eu nem sei por onde começar, mas bora lá! || Resenha
“Um vampiro antigo da Transilvânia persegue uma jovem atormentada na Alemanha do século 19.”
O terror neste filme é construído com o recurso da fotografia de baixa exposição, criando uma atmosfera sombria e ameaçadora. No entanto, essa técnica não funcionou em momentos que buscaram a luz natural com luz de vela em um ambiente muito escuro. Os jumpscares estão presentes a todo momento, mas parecem mais como um recurso fácil do que uma construção realmente eficaz de suspense. O drama, por sua vez, se reflete nas atuações exageradas, que, a meu ver, tentam emular o estilo do expressionismo alemão, mas causam mais desconforto do que imersão. Foi uma vergonha alheia real assistir a essas performances, que, em vez de transmitir o tormento dos personagens, criaram um distanciamento.
A apresentação dos personagens ocorre de forma apressada. Há uma ânsia em chegar logo ao Lorde Orlok, o que fez com que eu perdesse completamente a chance de criar empatia pelos outros personagens que, supostamente, estão à mercê de um monstro obcecado por uma donzela. No entanto, no meio para o final, o filme parece não saber para onde ir. A trama se perde em diálogos expositivos e desnecessários, tentando explicar demais sobre o obscuro Lorde Graf Orlok, o que acaba quebrando o ritmo da narrativa e tornando-a monótona.
O Lorde Orlok, vivido por Bill Skarsgård, foi envolto por CGI, e isso me deixou confuso. A escolha de revestir a figura de Orlok com uma tecnologia tão artificial fez com que ele parecesse mais um personagem de um jogo de PlayStation 2. Não consegui compreender a lógica dessa decisão estética, ainda mais vindo de um diretor como Robert Eggers, conhecido pela sua maestria em criar atmosferas densas e pela audácia em suas escolhas cinematográficas, como em A Bruxa, O Homem do Norte e O Farol.
Surpreendeu-me, porém, o uso de movimentos de câmera estranhos e cortes aleatórios, que mais confundiram do que ajudaram na compreensão espacial do cenário. A proposta de criar uma sensação de desorientação parece até intencional, mas na prática gerou uma sensação de caos, sem trazer a profundidade emocional ou o mistério que o filme prometia.
Em suma, Nosferatu tentou ser uma reinterpretação ousada de um clássico, mas se perde em escolhas estilísticas que prejudicam a imersão. Em vez de reviver o terror psicológico e a tensão do original, o filme parece mais uma colagem de ideias mal executadas e escolhas visuais questionáveis, que deixam o espectador mais perplexo do que arrepiado.