O Conde de Monte Cristo || Resenha
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Ah, Le Comte de Monte-Cristo, um clássico da literatura francesa que, claro, não poderia ficar de fora do grande circo do cinema. A primeira adaptação rolou em 1954, com a direção de Robert Vernay e um roteiro também de Robert Vernay e Georges Neveux.
E aí, em 2002, vem a versão norte-americanizada – porque, aparentemente, os franceses precisam de um toque de Hollywood de vez em quando para deixar tudo mais “palatável” para os outros continentes. E agora, em 2024, a obra retorna, dessa vez nas mãos dos diretores Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte, que também cuidaram do roteiro. Porque quem não gosta de fazer tudo sozinho, né? Não basta só dirigir, tem que roteirizar também.
Eu, pessoalmente, sou fã dos filmes franceses. Não é só porque eles sempre surpreendem com roteiros imprevisíveis, que jogam com o fio narrativo de uma forma que a gente nem consegue prever o que vai acontecer no próximo segundo – não, é mais porque eles são mestres em fazer isso de um jeito que te deixa pensando, “Ué, mas como é que eles conseguiram fazer isso?”
O filme é bom, vai. Bem feito. Cada cena parece que foi pensada minuciosamente, a arte é caprichada, os plot twists (que os franceses chamam de reviravoltas, mas vamos com o termo chique) são bem arquitetados, e as atuações estão dignas de Oscar (ou pelo menos de um prêmio de festival indie). Tudo muito bem trabalhado, como a culinária francesa: parece simples, mas tem um monte de coisa acontecendo que você nem percebe.
Mas, tem algo que me dá uma preguiça… A sensação de estar assistindo a uma aula sobre como os franceses são, assim, divinos. Tipo, a postura de nobreza em todos os momentos – até quando estão em situações completamente derrotadas ou medíocres. O tempo todo ouvindo frases de efeito que fazem você pensar: “Meu Deus, como ele é brilhante, mas… cadê o que ele fez de realmente impressionante?” Porque, no final, é aquele tipo de gente que fala, fala, fala… mas na hora de fazer, só fica na promessa. É tipo aquele amigo que vive dizendo que vai mudar o mundo, mas só aparece para o churrasco.
Ah, e já se prepara para um chá de cadeira de 2h58min. Isso mesmo, quase três horas. Então, se você for um tipo de pessoa que gosta de sentir o tempo passar como se fosse uma maratona de “agora, eu vou aguentar”, esse filme vai ser tipo uma competição olímpica de paciência.
Resenha por Artur Ranne