O Senhor dos Anéis – Os Anéis do Poder || Resenha COM SPOILER
Cabeça tenta reclamar, mas o coração pronto para passar um pano…
O que falar dessa série que acabou de começar, mas já considero tanto?
Com um mix de nostalgia, ansiedade, expectativas e medo, a Amazon, no dia 1º de Setembro, nos agraciou com a oportunidade de revisitar a admirável obra de J. R. R. Tolkien e a Terra Média em uma época um pouco diferente da que estamos habituados, mas que sempre rende boas conversas e especulações a respeito. Estamos falando de Anéis de Poder, que prometeu contar a história de como foi forjado o tal “Um Anel para todos governar”, dar um contexto histórico, e até político, do cenário que precede as histórias já conhecidas por todos nós.
Mas antes de prosseguir, quero deixar bem claro que essa resenha vai trazer consigo alguns spoilers, portanto estejam avisados e sigam a partir daqui por conta própria. Outro disclaimer importante é que esse texto representa apenas a MINHA OPINIÃO e IMPRESSÕES sobre a série. Então, sem mais delongas, vamos lá!
Anéis de Poder chegou já causando, quando veio dividindo opiniões entre fãs, uma vez que enquanto uns queriam uma fidelidade maior ao material original, chegando até a alegar falta de respeito para com Tolkien, outros aceitavam as adaptações feitas e consumiam o conteúdo como ele foi preparado. Isso nos trouxe um pouco de incerteza quanto ao futuro dessa série cuja primeira temporada teve o mesmo custo de produção que toda a trilogia de Senhor dos Anéis, de Peter Jackson, custando por volta de US$465 milhões.
A verdade é que a História se passa na chamada Segunda Era e traz alguns personagens já conhecidos (às vezes somente por nome) e outros nem tanto. Como é o caso de Galadriel, protagonista aqui, interpretada por Morfydd Clark. A personagem principal, no entanto, está um pouco diferente de como a vimos na trilogia clássica, mas corrobora bastante com a versão descrita nas páginas originais de Tolkien. Além dela, temos também Elrond, interpretado por Robert Aramayo, que já foi um Stark em Game of Thrones. Por falar em tronos, outro personagem já conhecido que está presente na série é Isildur, que foi representado aqui por Maxim Baldry. Mas o que queremos mesmo é saber como se deu a passagem desses personagens na nossa história.
Lá e de volta outra vez!
Pois bem, começamos com uma breve contextualização da criação do universo, bem como algumas coisas aconteceram para termos o cenário atual retratado. O que vem para justificar a preocupação e perseguição, por parte de Galadriel, de um mal iminente que, segundo ela, pode eclodir a qualquer momento, trazendo destruição e trevas. Somos apresentados também a outros núcleos: um deles o dos Pés-peludos, raça que notoriamente são antecedentes dos pacíficos Hobbits já apresentados nos filmes de Peter Jackson, outro mostra um povoado ao sul do continente que é visitado corriqueiramente por elfos que fazem uma espécie de ronda periódica.
Com esse cenário descrito, todos os núcleos avançam contando sua história, sem parecer conectar com o resto do mundo, num primeiro momento, mas que se trata de uma contextualização, um pouco lenta, eu acrescento, das consequências que cada ato pode gerar. Após descobertas, no mínimo intrigantes em todos os núcleos, como o fato de Nori (Markella Kavenagh) conhecer um estranho que caiu do céu e esconder esse fato dos Pés-peludos e Arondir (Ismael Enrique Cruz Córdova), um dos elfos que visitam rotineiramente o povo do sul, encontrar indícios de um mal que pode estar se espalhando sem ser visto.
Também somos apresentados ao núcleo de Eregion, cidade onde se encontra Celebrimbor (Charles Edward), um dos melhores artífices da Terra Média, que recebe Elrond para ajudá-lo em uma importante missão. Elrond também faz visitas a seu amigo anão Durin (Owain Arthur), em Khazad-dûm, que lhe faz a revelação da descoberta de um minério com propriedades desconhecidas. Neste ponto, somos levados à Númenor, uma grande ilha de proporções continentais, que foi um presente do próprio Eru Ilúvatar (o deus criador de toda Terra Média).
Aqui, vemos um povo que vive isolado e possui uma grande organização militar, além de um poderio bélico notável. Galadriel, que chega à ilha em condições piores do que gostaria, tenta angariar ajuda para sua causa contra o mal que, embora ainda não se tenha confirmação, está crescendo a passos largos e fazendo seus movimentos necessários para galgar um plano maior.
Neste momento, na série, temos todos esses núcleos já estabelecidos, mas que agora começam a conversar entre si e percebemos que a história começa a tomar um rumo que direciona todos eles em um único ponto e que, obviamente, isso terá uma consequência: o mal agora se revela e anseia por espalhar suas trevas pela Terra Média. E mais: o Mal, aqui liderado por Adar (Joseph Daniel Turner Mawle), tem seus objetivos, mas não revela tudo de uma vez, nem mesmo a identidade de Sauron, que neste momento é tão poderoso (ou até mais) que o próprio Morgoth.
Este clima de suspense se estende juntamente com a justificativa de estarem todos seguindo para um mesmo local: as Terras do Sul, onde é travada uma batalha e são mostradas perdas significativas para ambos os lados. Porém, o que rouba a cena é a criação da região conhecida como Mordor, com efeitos de tirar o fôlego, que aliás estão impecáveis em todos os episódios, justificando o orçamento gigantesco.
Em vários momentos, a série toma um ritmo lento e até mesmo desinteressante em alguns deles. Porém, para fazer contraponto a isso, o último episódio vem para mostrar a grandiosidade que uma obra Tolkienista merece. Como todos esperavam ansiosamente por sete longos episódios, com cerca de uma hora cada um, temos a famigerada forja dos anéis, feitos por Celebrimbor, com ajuda de Elrond e (sinalizar com spoiler) Halbrand (Charlie Vickers), o próprio Sauron, que de fuga inusitada foge, provavelmente portando todos os 16 anéis forjados. Galadriel, juntamente com os outros dois elfos que participaram da forja, decidem por forjar mais três anéis para que se possa utilizar o poder das propriedades do minério misterioso, do qual Durin concedeu uma lasca. São forjados, então, mais três anéis, que ficam em posse dos elfos. Com um desfecho ainda mais inquietante vemos o, agora revelado, Sauron se encaminhando, com um olhar mais do que ambicioso, em direção a Mordor.
Em resumo, podemos destacar que muita coisa é jogada de forma muito corrida, enquanto outras de forma bem morosa. De forma alguma isso tirou o brilho e a grandiosidade desse seriado, mas acabou provocando estranhamento em fãs que estavam assistindo. Como eu falei no início, meu pano já estava aqui para ser passado, portanto mesmo com alguns pontos que não me agradaram, os quais não quero falar para não dar grandes spoilers, a temporada foi totalmente satisfatória e me agradou muito assistir.
Já está em produção a segunda temporada, o que só nos faz roer as unhas e segurar a ansiedade para saber o que a Terra Média nos reserva.
Comentem aí o que acharam e o que esperam da continuação dessa série que promete muito ainda!