Pisque Duas Vezes – Se não piscar, perde! || Resenha
Pisacinha!
Esquecer é uma dádiva! E, no final do filme, você vai discordar disso. Pelo menos, foi o que aconteceu comigo. O filme tem uma fotografia impecável, mas eu esperava algo mais aprofundado. Na capa, há uma câmera retrô das antigas, daquelas que clicam e a foto já sai impressa. Sem ver o trailer e sem saber o que viria, imaginei algo próximo de um documentário. Ingênuo da minha parte. O filme teve ótimos quadros e, talvez, não ganhasse um Oscar de melhor fotografia, mas chegaria bem perto.
Ao longo do filme, trabalha-se muito bem com dualidades. Fiquei encantado com a simetria envolvida em toda a obra e com como tudo foi pensado e executado. É muito lindo ver isso acontecendo do início ao fim. Houve algumas homenagens a cenas icônicas. Por exemplo, em Jurassic Park, quando o personagem tira o chapéu e fica deslumbrado com a imagem que vê, lembrei-me dessa cena porque, no filme, acontece algo semelhante.
As pessoas se encontram numa festa: uma persona famosa, tecnologia, e duas mulheres que são fãs. Elas conseguem, de alguma forma, invadir a festa como penetras. Quando se dão conta, estão numa ilha, onde muita coisa acontece. E o que seria essa “muita coisa”? O filme aborda várias camadas, não tantas quanto uma cebola, mas suficientes para nos fazer repensar situações da vida real. Não é estranho você sair com uma pessoa que nunca viu para um lugar e curtir uma festa com tudo pago? É uma reflexão sobre isso.
O filme traz elementos da vida real para a ficção, incluindo manchetes sobre multibilionários numa ilha onde acontecem coisas terríveis e macabras. Cerca de 70% do filme é beleza, estética, liberdade e natureza, tudo em excesso. Mas, em determinado momento, começa-se a lidar com a questão da memória. Por que as pessoas não se lembram do que está acontecendo? Quando uma amiga desaparece, surge a expectativa do que está ocorrendo, e as pessoas se veem envolvidas em algo muito mais macabro do que imaginavam. Parece que esse filme foi feito por um discípulo de Quentin Tarantino, pois, no final, há uma crescente no bizarro, com muita ação e bizarrice em apenas 15 a 20 minutos.
O filme não conta com um elenco enorme, mas os poucos atores presentes entregam atuações excelentes. O ator principal, que já vi em filmes de dança, surpreende como vilão. O filme traz uma reflexão sobre se estamos sendo controlados ou não. Isso remete a teorias da conspiração, onde o sistema manipula nossas mentes nas redes sociais, fazendo-nos esquecer do que já aconteceu e tornando-nos objetos de controle. É um filme muito bom, mas não é para a família, nem para pessoas sensíveis. É uma boa indicação se você não quer explicar ao seu filho ou filha por que não devem sair com estranhos. Assista a este filme. O final é bizarro, mas feliz, e serve como um alerta sobre as coisas absurdas que pessoas com dinheiro podem fazer, invisíveis ao resto do mundo.
Por @henriquepheniato