{Resenha} Mulher-Maravilha: A Verdadeira Amazona
Esqueça grande parte do que você conhece sobre Diana.
A Graphic Novel, Mulher-Maravilha: A verdadeira Amazona, com roteiro e arte da talentosa Jill Thompson é uma obra acima de tudo corajosa, então não se atenha a linha cronológica e muito menos a tudo que você já sabe sobre a origem da nossa Amazona, aqui, Jill Thompson se arrisca sabiamente e reescreve a origem da Mulher-Maravilha sob outra ótica, lança um olhar que nos faz questionar se Diana sempre foi esse ser iluminado que nós conhecemos e amamos.
O principal diferencial nessa obra tão encantadora é o fato de que a autora opta por nos contar boa parte da infância de Diana, desde o seu “nascimento”, quando a Rainha Hipólita a moldou do barro, passando por todas as fases do seu crescimento assim como todas as alterações de humor e rebeldia presentes durante a adolescência, temos uma criança Diana mimada que não aceita ser contrariada e que por esse motivo acaba tomando algumas decisões que lhe custarão muito caro no futuro.
A história passa rapidamente contando sobre o confronto entre Hércules e a Rainha Hipólita e de como as Amazonas foram “transportadas” para a Ilha Paraíso e a partir de então passaram a viver harmoniosamente sem a presença do patriarcado. Somos então apresentados a mini-Diana, uma criança que de fofa e tolerante não tem nada, é mal educada e birrenta, no entanto, é a sensação de Themyscira e suas irmãs amazonas fazem de tudo para satisfazer os desejos da princesa, fica até difícil compreender como Jill Thompson irá fazer essa ligação e transformação da Diana mimada em Mulher-Maravilha, visto todos os preceitos éticos e morais que estamos acostumados a ver em Diana e que não estão presentes em sua infância.
E é nesse momento que as coisas se tornam interessantes, quando chega a adolescência, Diana começa a perceber que apenas uma das amazonas não dá a minima atenção para os seus feitos, e como que numa paixão juvenil, Diana começa a fazer de tudo para impressionar Alethea que continua sem demonstrar interesse mediante aos flertes que recebe constantemente. Como última cartada Diana decide participar do torneio celebrado entre as Amazonas e numa tentativa vã de impressionar Alethea acaba causando sérios problemas à Ilha Paraíso.
O que vem a seguir talvez seja a parte mais complicada de toda a obra, pois estamos acostumados em ver Diana sob a ótica de uma salvadora, e aqui a ida da Princesa para a Terra dos Homens se dá mais como que um expurgo dos seus erros cometido enquanto adolescente, então ela tá para se redimir e aprender a ser uma pessoa melhor, o que pode causar um choque nos fás mais ávidos da Amazona.
De maneira geral, a obra é audaciosa e nos faz repensar tudo que conhecemos sobre Diana, tudo aqui é novo, desde sua origem até a chegada ao mundo dos homens, tudo lindamente ilustrado pela arte aquarelada de Jill, a heroína não lembra nem de longe a nMulher-Maravilha da linha regular da DC, mas nem por isso deixa de ser uma obra incrível.
Mulher-Maravilha: A Verdadeira Amazona (Wonder Woman: The True Amazon) — EUA, novembro de 2016
Roteiro: Jill Thompson
Arte: Jill Thompson
Letras: Jason Arthur
Editoria: Jim Chadwick, Jessica Chen
126 páginas