{Resenha} Respiro – Um drama sufocante

Então respira

Sabe aquelas cidadelas que todos os moradores se conhecem e nada se passa despercebido aos olhos dos mais curiosos?

Nossa história se passa em uma ilha da Itália com essas características…

RESENHA SEM SPOILERS!

Escrito e dirigido por Emanuele Crialese, Respiro nos leva uma pequena ilha no Mediterrâneo. Grazia (Valeria Golino) é mãe de três filhos e casada com o pescador Pietro (Vincenzo Amato) que demonstra ser bem tímido. Nossa protagonista apresenta sinais de transtorno de bipolaridade que em alguns momentos está feliz e sorrindo, chegando até nadar nua no mar, até o oposto quando ela fica em sua cama sem querer fazer nada, nem falar com ninguém. Ao descobrir que seu marido havia abandonado um de seus cachorros (pois achava que o mesmo oferecia riscos à familia e vizinhos), Grazia tem um surto e, num impulso, resolve libertar todos os cachorros do canil improvisado da cidade. Esse episódio gera muito desconforto nos moradores que pressionam Pietro para enviar sua esposa para uma clínica ao norte da Itália e ele se mostra relutante.

Respiro é uma obra sutil que nos traz belas imagens da região do Mediterrâneo, instigando o espectador a querer visitar aquele lugar. Além disso, ele traz uma boa ambientação com diálogos em um idioma carregado de sotaques e linguagem corporal típica dos italianos! Esta película foi agraciada com o Grande Prêmio da Semana da Crítica no Festival de Cannes 2002. O filme também rendeu a Valeria Golino diversos prêmios e outras tantas indicações, marcando esse como um dos melhores papéis de sua carreira, que conta com mais de 100 filmes e quase 70 prêmios. Curiosamente, para este filme, o diretor escalou somente atores amadores, sendo uma exceção apenas a própria Valeria.

O longa apresentava muitas chances de ser mais um filme seguindo os mesmos moldes de muitos outros, onde uma protagonista mulher é distinta das outras e provoca o conservadorismo presente no dia-a-dia da cidade e do patriarcado opressor, mas o resultado foge um pouco disso, o que a torna uma produção admirável.

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