{Resenha} The Medium
Uma viagem entre dois mundos.
Quem não gosta de sentir aquele frio na espinha ou sentir aquela tensão ao jogar um jogo de terror? Desenvolvido e publicado pela Bloober Team, responsável também pelo game Blair Witch, temos The Medium, o primeiro exclusivo das plataformas Microsoft de 2021, que chegou para PC e Xbox Series S/X, incluído no GamePass, no dia 28 de janeiro. Preparem-se para transitar entre dois mundos.
Vamos começar pela narrativa, que a meu ver é o ponto alto e maior chamariz deste game. Acompanhamos a história de Marianne, uma médium capaz de conversar com os mortos e transitar entre os mundos real e espiritual. Logo no início temos um dia difícil, com o falecimento de nosso pai adotivo, que por acaso é dono de uma funerária. Curioso, não? Recebemos a ligação de um misterioso homem chamado Thomas, que diz saber as respostas para todos os nossos poderes e de nosso sonho recorrente que temos de uma menininha sendo assassinada. Para encontrar Thomas e as tão esperadas respostas, devemos ir até Niwa, um resort abandonado onde ocorreu um terrível massacre. Certo, essa é basicamente a sinopse do jogo, prefiro evitar qualquer spoiler, visto que a história é cheia das revelações e plot twists.
Agora já podemos explicar como funciona a gameplay. Vale dizer que The Medium nos remete em muito aos antigos Silent Hill e Resident Evil, em diversos aspectos. A câmera fixa no cenário e o menu nos lembram bastante Resident Evil, até na questão de combinar itens. A ambientação e o clima de tensão, principalmente no plano espiritual, nos lembram muito o do primeiro Silent Hill. Um resort abandonado é o local perfeito para uma médium, ou não. Ao interagirmos com muitos objetos conseguimos escutar o seu passado e tentar entender o que aconteceu neste local, tendo violência e abusos como temas recorrentes. A jogabilidade se limita a se movimentar, interagir com objetos e resolver alguns puzzles, ou até evitar alguns monstros, chegarei lá.
A parte interessante, além da história, é nossa capacidade de interagir com dois mundos distintos. Em muitos momentos nos vemos em uma tela dividida e podemos andar simultaneamente em ambos os mundos, o que é necessário para nossa progressão. Algum caminho inacessível no mundo real pode ser acessado pelo mundo espiritual, ou algum item do mundo real é necessário no mundo espiritual para resolver algum quebra-cabeça. Em outros momentos temos espelhos, que nos fazem transitar completamente para o mundo espiritual, nos forçando a ir e vir algumas vezes para resolver problemas. Parece complexo, mas não é. O jogo é bem linear e os puzzles são bem simples, acho que em toda a jornada tive um pouco de dificuldade na resolução de apenas um. Gostaria de ter sido desafiado a raciocinar mais para progredir.
Um outro ponto chave na gameplay são alguns poucos inimigos. Mariposas que impedem seu caminho podem ser evitadas com um escudo de energia, que você precisa recarregar em certos pontos do mapa. O nosso maior inimigo não pode ser combatido, apenas evitado. Somos perseguidos constantemente por um monstro, que se nos pegar pode ser fatal. Ponto positivo para sua excelente interpretação feita por Troy Baker, mesmo dublador de Joel de The Last of Us.
Sobre a parte técnica. The Medium entrega uma boa experiência, tanto gráfica quanto sonora. Gostaria de destacar a trilha e efeitos sonoros, que são cruciais para criar tensão e medo em um jogo de terror. Temos um compositor de Blair Witch envolvido e também o japonês Akira Yamaoka, criador de algumas músicas da franquia Silent Hill. Durante a gameplay tive apenas um ou dois grandes sustos, mas fiquei tenso e apreensivo quase que o tempo todo, muito por causa da parte sonora. Problemas foram apenas dois. Em um momento fiquei agarrado no cenário e em outro o puzzle simplesmente não se concluiu. Esses dois incidentes não seriam tão problemáticos se eu pudesse salvar a qualquer momento, mas como o jogo só salva automaticamente em pontos específicos fui forçado a dar loading e voltar bastante, o que pode frustrar.
Finalizando este review, posso dizer que The Medium foi uma boa surpresa. É muito bom ver um estúdio tão pequeno entregando um produto de tanta qualidade, tecnicamente e narrativamente falando. Dificilmente você não se verá envolvido na história e curioso para saber todo o seu desenrolar. Não espere uma gameplay de combate e puzzles muito complexos, veja mais como um jogo de terror point and click. Se você é fã de games de terror, Silent Hill ou Resident Evil, recomendamos experimentar esse aqui. Não consigo ver sua pouca duração, algo em entre 8h e 10h, como um ponto negativo, visto que The Medium está disponível no GamePass, tanto de PC quanto Xbox Series S/X e mesmo se quiser adquiri-lo, não está a preço cheio e pode ser comprado por R$160,00 na Steam. No fim, cuidado com as vozes em sua mente, a linha entre a nossa realidade e o mundo espiritual é tênue.