Me traia, me mata, me usaa!!
Westworld, o carro chefe da HBO voltou para sua terceira temporada, desta vez trazendo uma premissa totalmente nova: O mundo fora do parque.
A série de ficção cientifica que até então abordava as desventuras dos anfitriões, dos visitantes dos organizadores do parque, todos à sua moda, buscando pela verdade e libertação.
Antes de tudo, precisamos tirar o elefante branco da sala: A abertura está mais uma vez formidável. Sob a trilha fantástica de Ramin Djawadi, a cada acorde tenso de piano, meus pêlos se arrepiavam, mas deixemos de divagar…
Nesta temporada, temos uma premissa diferente, Dolores (Evan Rachel Wood) escapa do parque e segue seu plano de dominação do mundo, ou seja, o já batido mas ainda interessante conceito da cria que se volta contra o criador. Entretanto, se no parque ela conquistou seus objetivos basicamente usando violência e cooptando outros hospedeiros, aqui, vemos que a tarefa não será tão fácil. Ela terá que se integrar ao mundo dos humanos, jogar seus jogos, dissimular, arrecadar dinheiro e influência.
(Foto: Forbes)
Assim, estamos tão acostumados a torcer pela “Dolola” depois do tanto que sofreu no parque, que mesmo sabendo de suas intenções, ainda nos mantemos na torcida e comemorando cada morte que ela perpetra. Sabemos que ela esta matando, traindo e usando cada humano que tem contato, e ainda assim, a vemos como mocinha.
Vemos por outro lado, Caleb (Aaron Paul), um homem cada vez mais subjugado pela sociedade, que se vê cada vez mais rumo à perdição. Acompanhamos seu mundo comum, a relação conturbada com a família e podemos adivinhar um pouco do seu passado sombrio e seu presente deprimente e escuso.
Quando estes dois personagens se encontram, podemos imaginar certo complemento de necessidades, Dolores precisa se identificar com os humanos, e quem melhor que alguém que como ela, que foi judiado, destratado e violentado? Caleb, precisa de uma mente e uma vontade fortes para ajuda-lo a se estabelecer no que chama de mundo “bonito por fora, mas doente por dentro”, e assim, temos um possível argumento para a temporada.
(Foto: HBO)
Ainda precisamos mencionar Bernard, que se esconde e se prepara para enfrentar Dolores, sua criadora. Mas ele não está só, tem dentro de si uma versão menos humana, programada para sobreviver a qualquer custo.
Nos aspectos técnicos, a série continua impecável, a trilha sonora continua impactante. A sequência do tiroteio mostra que a série não perdeu em nada na ação que sempre foi imersiva e pesada, principalmente quando de dentro de um carro, por uma câmera de ré, vemos Dolola finalizar seu serviço, num plano criativo e perturbador.
Um ponto negativo é que apesar do mundo ser extremamente tecnológico, parece que apenas Dolores tem controle sobre essa tecnologia, agindo como um verdadeiro Exterminador do Futuro, controlando máquinas e fazendo transações em segundos, enquanto os humanos apesar de conhecerem a tecnologia, não a usam.
(Foto: HBO)
Ainda temos uma cena pós créditos de Maeve (Thandie Newton) acordando em um cenário nazista que faz pensarmos literalmente: “que p0rr# é essa?” E esta é exatamente a intenção da sequência.
Westworld já nos ensinou a ficar atento às linhas temporais e não acredito que esta temporada será diferente. As linhas estão ali, e a diversão é que caberá a nós decifrar em que momento cada personagem está e como suas ações impactam nos outros e no mundo.
A cada temporada, a série mostra uma escalada na ambição dos personagens e de sua própria premissa. Sair do parque foi uma proposta arriscada dos roteiristas Lisa Joy e Jonathan Nolan para este enredo e esperamos que o show que tanto inovou e chocou, se mantenha nas profundas discussões filosóficas que tanto lhe dão profundidade, e que não caia na armadilha de um enredo fácil de simplesmente robôs querendo dominar o mundo.
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