Thunderbolts* – De Mercenários a Vingadores “B” || Resenha

Thunderbolts

Se liga!

Esse filme é tão intenso que eu acho que nem o próprio Tarantino teria coragem de fazer o que fizeram aqui. Foi ousado, sim, mas ousado a ponto de me deixar desconcertado. Me arrisco a dizer que esse filme foi feito pra pessoas cegas, porque, visualmente, não teve nada de agradável. O som e os efeitos sonoros foram a única coisa realmente satisfatória de se testemunhar. O resto … olha, deixou tanto a desejar quanto Capitão América: Um Novo Mundo . E olha que Capitão América sem poder foi mais interessante em alguns momentos que esse filme. E quando eu falo que “foi melhor em uma parte”, é literalmente isso: uma única parte.

Um Tiro no Pé de novo

Na minha opinião, esse filme se divide em duas camadas — tipo aquele bolo confeitado que parece bonito por fora, mas tá cru no meio. Psicoterapeuticamente falando, ele foi top demais. Muito bem pensado, com sacadas terapêuticas interessantes, que pedem aprofundamento e discussão. Dá pra sentir que o roteirista entrou na terapia, gostou, estudou mais sobre o tema e resolveu jogar tudo no filme. Isso funcionou muito bem, mas… estamos falando de Marvel, estamos falando do MCU, de um universo cinematográfico com grana, estrutura, expectativa e histórico de pancadaria épica. E aí, em vez de super missões e heróis em ação, nos entregam mercenários em crise existencial, largando a vida de missão secreta pra lidar com os B.O. internos e salvar gente por empatia. Parece legal, mas… é Marvel, poxa. A régua é mais alta.

Thunderbolts*: David Harbour, Sebastian Stan, Florence Pugh, Wyatt Russell, Hannah John-Kamen
Marvel Studios

Indiretas politicas

O filme até tenta te fisgar pela crítica social e política. Mostra bem como o governo manipula os envolvidos e como os “heróis” são só peças de xadrez num jogo sujo de bastidor. Essa parte foi até interessante. Mas isso não sustenta o filme inteiro. A proposta é ousada, mas o desenvolvimento não acompanha. O ritmo é quebrado, a narrativa fica desbalanceada e a coisa desanda. E aí, quando o filme tenta entregar o básico — ação, pancadaria, sequência de luta com impacto — aí a coisa degringola de vez. As coreografias pareciam aquelas brigas de ensaio do colégio, onde um espera o outro bater. Eu senti falta de transições fluídas, aquela câmera que gira, aquela tensão física de combate. Faltou alma, faltou impacto. Faltou o soco cinematográfico que a gente espera num filme desses.

Filme sem “tempero” no roteiro

E ó… eu até gosto de humor no meio da tensão. Guardiões da galáxia mandaram bem nisso, por exemplo. Mas aqui? O humor foi meio forçado. Umas piadas engraçadas, sim, com um ou outro duplo sentido que me arrancou boas gargalhadas. Mas no geral, parecia que os roteiristas estavam indecisos se queriam fazer drama profundo, sátira política ou pastelão Marvel 2015. A vibe ficou desequilibrada. A introdução dos personagens novos foi fraca. Não empolga, não conecta, não cria carisma, apenas dó disfarçada de compaixão. Fiquei esperando algum personagem que eu realmente quisesse ver mais, e… nada. E, pra piorar, as cenas pós-créditos, que normalmente são o momento de resgate da experiência, vieram sem impacto nenhum. Conectam com outras tramas? Até tentam. Mas explicam? Não. Empolgam? Também não.

Sinceramente, quando acabou, minha vontade era sair correndo da sala. Mas não, eu fui teimoso, fiquei até o último segundo achando que alguma revelação bombástica ia salvar a experiência. Que nada. A sensação que fica é que a Marvel tá jogando carta fora, sem critério. E aí, quando você pensa na linha do tempo… ferrou tudo. Cadê o Gavião Negro (o novo Capitão América)? Cadê o Hulk presidente? O cara tomou um soco do Hulk e sumiu do radar? Tá em coma? Se aposentou? E ninguém fala nada? Não dá pra entender onde esse filme se encaixa de fato, e isso quebra a experiência geral. Parece que estão empilhando peças soltas, torcendo pra encaixar no futuro.

Thunderbolts*: Sebastian Stan
Marvel Studios

Essa resenha podia ser maior ainda, porque o tanto de coisa mal resolvida que esse filme entrega é quase terapêutico — no sentido negativo. Ele tem um acabamento bonito, isso eu admito. Tecnicamente, a edição é bem feita, o som é poderoso, e o marketing foi competente. Mas tudo isso pra vender uma experiência visual que incomoda e uma história que desaponta. Se fosse pra dar uma nota de 0 a 10, eu daria 5 com boa vontade. E reforço: se você for uma pessoa cega, talvez tenha uma experiência melhor que a minha, porque o áudio é excelente. Agora, se você gosta de pancadaria bem feita, heróis com personalidade e enredo sólido… esse aqui vai te deixar bolado.

Conclusão

A Marvel precisa repensar o que tá fazendo com esses personagens e com esse universo. O público tá mudando, sim, mas isso não é desculpa pra entregar qualquer coisa esperando que o fã vá engolir. O Thunderbolts não traz aquela sensação nostálgica, nem aquela empolgação do “quero ver de novo”. Pelo contrário, a sensação é que a Marvel tá apostando em ideias que parecem boas no papel, mas que não estão funcionando na prática. Eu, sinceramente, não tô animado pra continuação. E se você estiver pensando em gastar sua grana no cinema… guarda esse dinheiro e pede um lanche. Vai ser mais divertido.

By: @henriquepheniato

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