A premissa da história pode parecer simples: Adam vive uma vida aparentemente normal, mas um encontro inesperado com seu vizinho, Harry, faz sua rotina pacata mudar completamente. Ele retorna à sua casa de infância, onde se depara com seus pais que morreram tragicamente há mais de 30 anos. Não consigo imaginar a dor de perder entes queridos e ficar sozinho no mundo, por isso ele cresceu como um homem amargurado e isolado, guardando uma tristeza enorme.
Quando o protagonista se apaixona perdidamente por Harry, ele descobre que a vida pode ser mais leve do que realmente é, acabando por desfazer o fantasma que viveu dentro dele todos esses anos.
Um casal protagonista heterossexual é comum; no entanto, quando se trata de um relacionamento entre dois homens, não vemos muito por aí. Portanto, a representatividade que podemos acompanhar em “Todos nos Desconhecidos” é o que mais chama a atenção, especialmente vindo de uma empresa como a Disney. Percebemos com isso que as coisas estão mudando.
A química entre Paul Mescal e Andrew Scott é extraordinária, eles roubam a cena entregando algo sensível e que transmite para o público um amor que transcende a tela do cinema, parecendo que se conhecem há anos. Claramente, são os principais astros do filme, enquanto os demais personagens parecem estar lá apenas para preencher o tempo do filme.
É um filme relativamente curto, com apenas 1 hora e 45 minutos de duração, por isso acredito que tenham escolhido um roteiro rápido que não se aprofunda nem na relação entre os personagens principais nem no acidente que levou seus pais há mais de uma década. Senti falta de o roteirista explicar detalhadamente como ocorreu o fatídico dia.
A fotografia é belíssima. Quando ele ainda é aquele homem amargurado, as cores são escuras, mas conforme sua vida começa a se tornar mais leve, vemos cor em seu mundo. Por fim, “Todos nos Desconhecidos” não é um filme para todos. Quem vai gostar são aqueles que querem uma história que mexe com a mente e os faz pensar o dia todo a respeito do que acabaram de ver.