Vitória – Baseado em fatos reais? || Resenha

Com Fernanda Montenegro!
Quando recebi o convite para assistir Vitória, já esperava mais uma atuação incrível da Fefe. Afinal, é o que se espera de uma artista desse nível, né? Por esta resenha se tratar da minha opinião, confesso que fiquei encucado com essa questão midiática do Oscar, já que a filha dela ganhou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro. E aí veio o questionamento: “— Será que esse filme é a despedida da Fernanda dos palcos e telonas?” Não que ela não tenha capacidade de continuar atuando, mas é difícil imaginar o que mais ela poderia entregar.
Um “baque” cinematográfico
Metade do filme se passa no Rio de Janeiro, e a outra metade… são closes da Fernanda Montenegro! Isso me intrigou muito. Por que tanto foco na expressão facial? Há até outras cenas com personagens ao fundo, mas sempre desfocados. Parece que a ideia era mergulhar no olhar da personagem e explorar cada detalhe de sua aflição.
Agora, o final do filme… cara, isso me decepcionou de uma forma absurda! Não consigo nem colocar em palavras o que senti. O filme todo é uma caminhada extensa, com diálogos curtos e muitos momentos de reflexão silenciosa, focando quase que exclusivamente na Dona Nina.

E aí eu me pergunto: “— Era para endeusar ainda mais a Fernanda?” Porque, convenhamos, ela já é uma lenda! Não entendi o propósito dessa escolha, mas consegui sentir o peso da história. Afinal, o filme retrata a tensão de viver em um lugar onde se espera paz, mas se encontra violência. Janela quebrada por bala perdida, sono interrompido por gritos, tráfico, aliciamento de menores… Tudo isso aparece na tela. E não é só sobre o Rio de Janeiro, é sobre o Brasil inteiro! O filme aborda questões sociais e políticas, mostrando até a corrupção policial, com agentes recebendo propina para fingir que não estão vendo nada.
Uma atitude ousada e perigosa (risco de vida)
Em determinado momento, a personagem toma uma atitude para tentar mudar a situação e ter sua paz de volta. E é uma atitude pesada, que carrega o peso de sua história e da realidade em que vive. O filme tem um “final feliz”, mas também deixa aquele gosto amargo. No desfecho, aparecem fotos reais dos acontecimentos, o que torna tudo ainda mais impactante. Descobri que Nina, na vida real, foi acolhida pelo programa de proteção a testemunhas e só teve sua história revelada após sua morte.

E é aí que o incômodo bate forte. Quando mostraram as imagens reais, percebi algo que me incomodou demais: a Dona Nina era uma mulher negra. E no filme, quem a interpreta? Uma atriz branca. E aí fica o questionamento: por quê? Será que ainda estamos presos nessa ideia de que atriz branca “vende mais”? Foi uma escolha consciente ou só mais uma negligência histórica? Isso me deixou desconfortável. Quando um filme se diz baseado em fatos reais, é esperado que tenha compromisso com a verdade, principalmente em questões tão delicadas quanto a representatividade.
Vitória é um bom filme, mas não me trouxe nada de novo. A atuação da Fernanda Montenegro é impecável, como sempre, mas esse detalhe sobre a representação me pegou. Não é um filme pelo qual eu pagaria ingresso no cinema, mas é uma obra bem construída. A cenografia é impecável, a mudança dos dias, os detalhes no apartamento… Tudo foi feito com muito cuidado. Mas essa falha na escolha do elenco me decepcionou bastante.
E é isso, galera. Se você já assistiu, me conta o que achou. Se não assistiu, confere lá e depois troca essa ideia comigo. Valeu! #TMJ