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Com uma audiência inicial discreta, ‘Ruptura’ conquistou quem a viu. Prepare-se: a segunda temporada está a caminho no Apple TV+

Não teremos spoilers, mas o texto trará muitas reflexões sobre os temas abordados na série.

O Enredo

Mark é funcionário da empresa Lumon, responsável pelo procedimento de ruptura, que separa o ser humano em dois: a pessoa no trabalho e a que está fora dele. Mark e seus colegas no escritório não sabem como é o mundo lá fora ou suas vidas fora dali. Apenas sabem que estão trabalhando lá porque o externo (seu eu fora do trabalho) buscou isso. Da mesma forma, o externo não sabe como é sua vida dentro do trabalho, mantendo a consciência do ser humano dividida.

O interno (dentro do trabalho) não sabe seu nome, mas possui conhecimentos gerais úteis para o trabalho. O externo leva uma vida tranquila, sabendo que os problemas do trabalho ficam no trabalho, enquanto o interno não conhece nada além do trabalho.

Ruptura: Apple TV +

Ben Stiller na Direção

Ben Stiller, conhecido por seus papéis de comédia desde os anos 90, se provou um diretor talentoso. Em Ruptura, ele traz uma calmaria constante, carregada de desconforto por estar quase preso em um escritório onde a função não faz sentido para você, mas sim para a empresa e o empregador. Há momentos de suspense e terror constante, uma agonia que percorre os corredores labirínticos e quase claustrofóbicos.

Stiller mantém o ritmo perfeito, nunca apressando ou tornando-o lento demais. A comédia pontual e o drama engrandecem a história. A série parece lenta, mas é intencional, querendo que você pense sobre os episódios e digira o que está acontecendo lentamente.

Sci-Fi e Filosofia

A série se aproxima muito de Black Mirror, não apresentando tecnologias muito avançadas, mas explorando como o ser humano se comporta com essas tecnologias. Se você pudesse separar seu eu que trabalha do que fica em casa, você faria? Sabendo que não levaria problemas do trabalho para casa e vice-versa, mas que seu eu do trabalho não conhece nada além da função, não entende a razão de estar ali e é alimentado apenas com ideias de como o mundo lá fora é. Eles nem sabem se têm família ou filhos, nem a razão de todo aquele trabalho abstrato. Os internos são ingênuos e seguem ordens, mas basta entenderem que estão sendo enganados para o jogo virar. No final, quem merece viver? O interno que busca liberdade ou o externo que passou pelo processo de ruptura para lidar com problemas?

Na série, vemos pessoas usando o processo de ruptura para separar momentos íntimos ou evitar sentir uma dor momentânea, deixando que seu interno lide com dores físicas e psicológicas. Se você fosse um interno, conseguiria trabalhar sabendo que seu externo é uma pessoa ruim? Ou sabendo que ele está fazendo isso para lidar com problemas além das capacidades de qualquer um? Esses são apenas alguns dos debates que Ruptura traz na primeira temporada, cheia de mistérios para a segunda temporada que chega em 2024, ainda sem data específica.

Ruptura: Apple TV +

Se essa série estivesse na Netflix, seria muito comentada e aplaudida. Mas, como faz parte do Apple TV+ e ainda não tem grande visibilidade no Brasil, poucos conhecem. No entanto, quem assistiu gostou, e Ruptura merece muita atenção.

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Texto por: David Alves