A mesma coisa de sempre.
O Episódio 8 de The Acolyte chegou para finalizar a temporada. A série apresenta muitas ideias boas, mas, infelizmente, para por aí.
No episódio anterior de The Acolyte, descobrimos o passado sombrio dos quatro cavaleiros Jedi responsáveis pela morte das bruxas que criaram Mae e Osha. Agora, as duas irmãs estão voltando para seu planeta natal para enfrentar seu passado, ao lado de Mestre Sol e Qimir.
Mestre Sol e Qimir em The Acolyte (2024-)
Sol vs Qimir
A melhor parte da série inteira, e deste episódio em particular, são, sem dúvida, as batalhas com sabres de luz. E eu percebi o porquê: quando os personagens se calam e ligam os sabres, tudo é maravilhoso. Porém, quando eles decidem falar, a magia se desfaz, e as falhas aparecem. Nas cenas espaciais com as naves, a série não perde em nada para os filmes. O Hospício Nerd foi convidado para assistir aos dois primeiros episódios no cinema, e The Acolyte tem a qualidade técnica de um grande filme.
Mestre Sol enfrenta Qimir em uma luta espetacular, e a maneira como o Jedi usa a Força contra seu adversário só destaca o quão poderoso Sol é. Isso torna ainda mais difícil explicar como Qimir conseguiu matar o mestre Kelnacca e, principalmente, como Mae conseguiu matar Indara. O importante aqui é entender que alguém como Qimir não tem chance diante de um mestre Jedi, especialmente quando o roteiro favorece os Jedi quando conveniente.
Osha e Mae em The Acolyte (2024 -)
As gêmeas não são gêmeas
Sol revelou que as bruxas conseguiram, de alguma maneira, criar Mae e Osha usando a Força. No entanto, elas não são apenas parecidas na Força, mas idênticas em criação. As irmãs são a mesma pessoa, dividida em duas devido à Força que as criou. Isso nos leva a um detalhe que mais atrapalha do que ajuda em toda a saga: como a Força cria vergências e díades, ou seja, seres e lugares que têm uma quantidade massiva de Força tanto do lado da luz quanto do lado sombrio. Kylo e Rey são um exemplo, assim como Osha e Mae.
Esse detalhe não atrapalha a cronologia ou a importância de Anakin; pelo contrário, intensifica-a. Pense bem: se foram necessárias duas garotas e, no futuro, Rey e Kylo para que a Força se separasse e conseguisse agir em harmonia, isso torna Anakin uma peça mais essencial, pois ele é único e conseguiu sustentar os dois lados da Força sozinho, justificando o fato de ser constantemente chamado para o lado sombrio e, mesmo assim, possuir o lado luminoso para que conseguisse se redimir no final.
Mais uma boa ideia da trama que poderia ter sido bem utilizada. No entanto, quando as gêmeas estão em cena, tudo desanda. A atriz não consegue transmitir emoção como Osha e falha um pouco como Mae. E, nos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, temos a revelação de que Osha estava, sim, insatisfeita com o que aconteceu em seu planeta, mas nunca mencionou isso ao longo dos episódios. Em todos, ela pareceu nem se lembrar ou se importar com o que aconteceu. E o fato de elas oscilarem de um lado para o outro não convence. Se a série tinha a ideia de colocar Osha no lado sombrio da Força, não fez isso de maneira convincente, já que nem descobrimos com exatidão por que ela abandonou os Jedi, mesmo tendo fé neles a série inteira.
Osha foi para o lado sombrio treinar com Qimir, e Mae teve sua memória apagada porque sabiam que ela seria usada para caçar sua irmã. Ou seja, ambas as irmãs descobriram ao longo da jornada que foram usadas tanto pelo lado da luz quanto pelo lado sombrio, tratadas como armas. Em vez de fugirem e terem a vida que quisessem longe de toda essa confusão com ambos os lados, a ideia é correr para eles novamente.
Darth Plagueis em The Acolyte (2024 -)
As pontas soltas
Descobrimos que Vernestra, no passado, foi mestra de Qimir. Essa revelação, misturada com a atuação da atriz que tem o carisma de uma porta, chegou em um momento tão tardio que não tem relevância ou ânimo para agitar uma nova temporada. Ainda temos a maior revelação da série inteira: Qimir tinha, sim, um mestre que estava com ele e Osha no mesmo planeta, e ele não é ninguém menos que Darth Plagueis.
Quem é ele?
Darth Plagueis foi o mestre de Palpatine, aquele que, segundo Palpatine, conseguiu usar a Força para criar vida. E agora temos uma ideia de que ele fez isso com base no conhecimento das bruxas que criaram as gêmeas, ou vice-versa. Na mitologia de Star Wars, um Sith deve seguir a regra de dois, ou seja, deve haver apenas um mestre e um aprendiz. Um aprendiz não pode ter aluno, a menos que se torne mestre, e ele só pode se tornar um se matar o seu mestre. Mas, se o mestre for tão poderoso, o aprendiz pode recrutar um acólito que o ajudará na tarefa e se tornará um aprendiz assim que a missão for concluída. Qimir recrutou Mae visando matar Plagueis, que, como sabemos bem, só foi morto pelas mãos de Palpatine pouco antes de A Ameaça Fantasma.
E no final, não satisfeitos, fazem Vernestra ir até Mestre Yoda. Agora temos um problema muito grande: se ela contou a ele sobre o Sith que foi seu padawan no passado, isso significa que, 100 anos à frente, o Mestre Yoda já sabia sobre a volta do lado sombrio da Força e deixou acontecer. Ele sabia da falha dos Jedi ao longo desses 100 anos entre o final da série e o Episódio 1 e mesmo assim falou sobre Darth Maul como se fosse novidade. Ou isso, ou os roteiristas preguiçosos não fizeram a mínima questão de serem fiéis à saga, o que mostra que ou eles não gostam de Star Wars ou simplesmente não se importam com nada que veio antes de The Acolyte a ponto de criar uma série cheia de defeitos que só funciona quando os personagens se calam e lutam com os sabres.
Comecei a série desejando que ela estivesse no mesmo patamar das duas temporadas de The Mandalorian ou de Andor, ou minimamente eficiente como Obi-Wan Kenobi e Ahsoka, ou quem sabe pelo menos divertida como as séries animadas Clone Wars e Bad Batch. Só que ela não consegue nem ser ruim como Boba Fett, porque, para ser ruim, ela ainda precisa melhorar muito.
Todos os episódios de The Acolyte estão na Disney Plus.
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Texto por: David Alves