A Favorita do Rei || Resenha
A mulher comum que o destino colocou em um lugar extraordinário.
A convite da Mares Filmes assistimos A Favorita do Rei. Dirigido, roteirizado e protagonizado por Maïwenn, o filme apresenta uma abordagem intrigante e emocional sobre a vida de Jeanne Vaubernier, a condessa Du Barry, última amante oficial do Rei Luís XV da França. A obra não apenas mergulha na opulenta e extravagante corte de Versalhes, mas também explora a dualidade de uma mulher que transitava entre o luxo e a vulnerabilidade em um período de extrema desigualdade social e inquietude política. A produção se destaca por sua força visual e pela profundidade com que aborda as complexidades das relações de poder e gênero. O elenco conta ainda com Johnny Depp, Stanislas Stanic, Benjamin Lavernhe, Pierre Richard, Robin Renucci, Marianne Basler, Caroline Chaniolleau e Melvil Poupaud.
Maïwenn, que interpreta a condessa Du Barry, entrega uma atuação marcante e cheia de nuances. Sua performance dá vida à complexidade da personagem, apresentando-a como uma figura carismática e determinada, mas também profundamente consciente de sua posição instável na corte. Ela captura a luta da condessa para manter sua influência. Ao mesmo tempo, ela enfrenta o preconceito da aristocracia e o desprezo dos que a veem como uma intrusa. Já o veterano Johnny Depp, como Luís XV, oferece uma atuação contida e introspectiva, destacando a solidão e as contradições do monarca, embora em alguns momentos sua interpretação possa parecer um tanto apática e até mesmo bem contida.
ASPECTOS TÉCNICOS
Visualmente, o filme é muito satisfatório com uma direção de arte e os figurinos suntuosos. Isso ajuda a transportar o espectador a Versalhes com bastante riqueza de detalhes. A cinematografia faz um uso inteligente de luz e sombra para capturar o contraste entre a superficialidade brilhante da corte e a escuridão das intrigas e traições que permeavam a vida palaciana. A música, por sua vez, é sutil e bem integrada, realçando o tom dramático e, principalmente, melancólico do filme.
Por outro lado, o ritmo do longa pode ser um problema para alguns espectadores. Enquanto as cenas de introspecção e os diálogos lentos são eficazes para construir tensão e explorar os personagens, eles também tornam o filme excessivamente arrastado em certos momentos. Além disso, o roteiro ocasionalmente recorre a estereótipos ao retratar as relações entre Du Barry e outras figuras femininas da corte, o que enfraquece a narrativa em termos de uma pauta mais feminista. Porém, acerta ao representar o quanto as mulheres eram objetificadas e, até mesmo, marginalizadas pela sociedade totalmente patriarcal da época.
No geral, a obra é impactante e equilibra beleza visual e profundidade emocional. Ele destaca-se por sua abordagem intimista e reflexiva da vida da condessa Du Barry. Apesar de falhas no ritmo e em certos aspectos da narrativa, o longa é uma contribuição notável ao gênero de dramas históricos. Dessa forma, temos uma visão singular sobre uma época muito interessante da história francesa.
A Favorita do Rei estréia no dia 28 de novembro nos cinemas do Brasil.