Setembro 5 – Massacre de Munique || Resenha
Triste.
Mais uma vez, temos um filme baseado em fatos reais. Na Olimpíada de Munique de 1972, ocorreu o atentado terrorista que serve como ponto de partida para o longa em questão. Repetindo a fórmula de 12 Homens e uma Sentença, onde a trama se desenrola exclusivamente em uma sala fechada e, com o passar das cenas, o espaço parece diminuir, intensificando a tensão, Tim Fehlbaum utiliza uma linguagem similar para narrar a história de uma crise jornalística que mudou a história da televisão norte-americana e da cobertura de eventos ao vivo.
O filme retrata o massacre ocorrido nos Jogos de 1972, na Alemanha, em que um grupo terrorista palestino sequestrou e matou atletas israelenses. O trágico evento acabou sendo transmitido pelo canal ABC, que estava no local para cobrir a competição esportiva, mas, inesperadamente, exibiu ao vivo os atos de perseguição e ameaça.
Essa história já foi contada nas telonas em 2005 por ninguém menos que Steven Spielberg. Porém, desta vez, o diretor opta por apresentar a perspectiva dos jornalistas que estavam presentes no local e foram os primeiros a divulgar os acontecimentos das 17 horas de terror vividas pelas vítimas. Suas decisões, certas ou erradas, ajudaram a moldar os desdobramentos do massacre. Fehlbaum recria, de forma inteligente, a linha do tempo desse episódio sombrio com a construção de um thriller eletrizante.
5 de setembro se passa inteiramente em um único cenário, proporcionando ao público uma sensação claustrofóbica que nos mantém presos à cadeira o tempo todo. Cada momento é crucial, e perder o foco significa perder detalhes importantes da trama. O filme acompanha a troca de equipe e o planejamento da escala do dia até que os primeiros disparos colocam todos em alerta. A partir daí, começa uma correria para entender o que de fato está acontecendo, gerando uma tensão que só é aliviada nos minutos finais.
O filme utiliza muitos planos-sequência para intensificar a sensação de tensão, enquanto a fotografia escura acrescenta um efeito de suspense, sugerindo que algo pode acontecer a qualquer momento. O diretor consegue evitar um foco excessivo na política, direcionando a narrativa para as vítimas. No entanto, é impossível ignorar o contexto histórico: o massacre ocorreu 29 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, em solo alemão, e, mais uma vez, as vítimas eram judeus.
É um filmaço que tem potencial para ser indicado ao Oscar. No entanto, talvez não agrade a todos. Para os amantes de filmes investigativos, é uma obra que facilmente entrará na lista dos melhores do ano nesse gênero. Tim Fehlbaum realizou um excelente trabalho ao apresentar o outro lado da moeda: a perspectiva dos jornalistas.