Parthenope – Os Amores de Nápoles || Resenha

A beleza é solitária
Dessa vez, tive uma experiência nova com a HN, com uma cabine de imprensa no conforto da minha casa, e eu adorei! Assisti ao filme enquanto saboreava uma lasanha simples que preparei, acompanhada de um suco de maracujá geladinho. E, como tenho um equipamento de som bom – fruto do meu trabalho no cinema e da necessidade de ter um equipamento profissional –, consegui transformar minha sala em uma sessão digna de cinema em casa.
O filme da vez é Parthenope – Os Amores de Nápoles, e vou fazer esta resenha com minha humilde opinião e minhas impressões sobre a obra. Vamos nessa?
“PARTHENOPE acompanha a trajetória de vida da personagem-título, desde seu nascimento na década de 1950 até os dias atuais. Parthenope, a protagonista, carrega o mesmo nome da sereia da mitologia grega, cultuada como divindade pelos napolitanos da Antiguidade, e acompanha várias décadas da vida dessa mulher de inúmeros admiradores.”
Parthenope – Os Amores de Nápoles é uma obra de arte que, acima de tudo, é uma homenagem à ideia de beleza, especialmente no imaginário dos italianos, e à representação feminina. Mas o filme vai além disso, trazendo uma fotografia deslumbrante, enquadramentos perfeitos e paisagens hipnotizantes da cidade de Nápoles, que se tornam quase personagens da narrativa.
Não por acaso, o nome da protagonista faz referência a uma sereia, a um cometa e também à cidade de Nápoles. É uma simbologia que se conecta profundamente à essência do filme. A beleza também está nos diálogos e na trilha sonora, que fazem parte desse conjunto harmônico e sensorial, em que cada elemento se alinha para formar uma experiência única. É uma verdadeira declaração de carinho e reverência ao território italiano, especialmente Nápoles, por meio da visão de Paolo Sorrentino, um cineasta renomado por sua estética e sensibilidade.
Em alguns momentos, tive choques culturais e até certa repulsa, devido aos costumes diferentes, especialmente em relação aos comportamentos tradicionais italianos e às relações afetivas. Sempre observei comportamentos curiosos dos italianos quando o assunto é tradição, família e amor, e o filme revela esses aspectos de maneira intrigante, desafiando os conceitos de moralidade e afetividade.
A obra traz provocações existenciais e filosóficas sobre a beleza, o tempo e a solidão. É uma reflexão profunda sobre como a beleza está atrelada ao efêmero e à destruição, como se sua única função no mundo fosse ser consumida até se esvair por completo.
A sensação que tive ao assistir é que o filme me mostrava como a função da beleza neste mundo é ser consumida até ser destruída, como se fosse um ciclo inevitável e cíclico. E, ao mesmo tempo, é uma metáfora sobre como as pessoas – principalmente as mulheres – são vistas, adoradas e, por fim, consumidas pela sociedade.