Gosta de picolé de chuchu?.

Meus advogados do diabo, Demolidor retornou com uma nova história que prometia muita coisa … e terminou do mesmo jeito

Falaremos da temporada sem spoilers, mas o resumo de todas as temporadas anteriores você pode ler aqui. 

então fica tranquilo e bora lá. 

Enredo

Após os eventos das três temporadas anteriores, Matt, Foggy e Karen desfrutam de uma vida confortável. O escritório de advocacia prospera, tornando as intervenções do Demolidor menos necessárias, pois a justiça parece prevalecer. Contudo, uma tragédia pessoal atinge Matt, levando-o a abandonar a vida de vigilante. A situação se agrava quando Wilson Fisk se candidata à prefeitura de Nova York e inicia uma caçada implacável aos vigilantes mascarados.

Muse em Demolidor: Renascido. Material de divulgação Disney +

Problemas na Produção e Roteiro Final

A concepção inicial da série previa cerca de 24 episódios, número que foi reduzido para 18 e, finalmente, para os 9 disponíveis no Disney+, juntamente com as três temporadas originais da Netflix. O desenvolvimento da série enfrentou diversos obstáculos, incluindo a interrupção das gravações para refilmagens extensivas devido à insatisfação interna (Do próprio Kevin Feige por exemplo). Uma das críticas iniciais apontava para a demora na aparição de Matt como Demolidor, que só ocorria no quinto episódio, enquanto o início se concentrava em um drama jurídico convencional. Surpreendentemente, essa estrutura persistiu em grande parte. As refilmagens dos episódios 1, 8 e 9 introduziram novos elementos narrativos, aprofundando a relação entre Matt Murdock e Wilson Fisk. Em contraste, os demais episódios mantiveram uma trama que parece desconectada, focando em um vilão secundário e desenvolvendo narrativas que não encontram resolução satisfatória ou que fizeram sentido.

Diálogos Marcantes

Demolidor: Renascido retorna a Nova York com personagens já estabelecidos, como o Rei do Crime e o Justiceiro. Os diálogos da série se destacam pela qualidade, assim como as atuações. Um excelente momento  é a conversa entre Matt e Frank Castle no quarto episódio, que remete a discussões da segunda temporada da série da Netflix. A frase de Frank, “Você está a apenas um passo de ser alguém igual a mim”, ressoa na mente de Matt, que reluta em admitir a verdade por trás das palavras do Justiceiro. Frank Castle surge como a figura que melhor compreende Matt nesta série, apesar da resistência do próprio Murdock.]

Reprodução Disney +

Mais Investimento, Menos Essência

Ao comparar um episódio de Renascido com qualquer episódio da série original da Netflix, não tem como não perceber o “filtro Marvel” na produção. As três temporadas da Netflix apresentavam uma paleta de cores e uma atmosfera mais sombria e crua, enquanto Renascido exibe uma sem graça, limpa, a ponto de a violência e o sangue nem mancharem o todo (menos uma cena especifica no episodio 9). A nova temporada carece de cenas de luta impactantes, como os planos sequência claustrofóbicos e viscerais que caracterizavam a série anterior. Em vez disso, Renascido recorre a efeitos visuais (CG) que deixam as cenas artificiais e sem personalidade nenhuma.

Em muitos momentos, apesar do elenco ser o mesmo, os personagens parecem diferentes de suas versões anteriores, especialmente Wilson Fisk, que se assemelha a uma caricatura de si mesmo. Embora a atuação do ator continue competente, o personagem perdeu a autoridade e o senso de perigo, tornando-se apenas um vilão rico e biruta. A narrativa é indecisa, sem um foco claro: a ascensão do Rei do Crime à prefeitura? O vilão Muse? A caça aos vigilantes? A trama se dispersa em várias direções, e, diferentemente de Mercenário, a Marvel não uma boa pontaria.

Encaixando Peças que Não se Encaixam

Sabe aqueles brinquedos de criança de encaixar figuras em buracos de mesmo formato? A Marvel criou essa série e no meio de gravações e regravações além de um roteiro muito medíocre e preguiçoso parecia que ele tava querendo encaixar o quadrado no buraco do triângulo. As refilmagens e um roteiro medíocre e preguiçoso parecem forçar a união de elementos que não se harmonizam. Mesmo que outras séries da Marvel possuam seus méritos e deméritos, elas não exibem essa artificialidade forçada, onde o roteiro tenta convencer o público sem apresentar argumentos sólidos.

Aparentemente, os roteiristas de Demolidor Renascido ignoraram as temporadas anteriores, se esquecendo de elementos cruciais como o conflito de Matt com o Mercenário, que quase o matou diversas vezes na terceira temporada e planejava assassinar Wilson e Vanessa Fisk. Além disso, conveniências narrativas questionáveis, como o relacionamento repentino de Matt com a psicóloga do casal Fisk, que demonstra indiferença ao sofrimento e aos esforços do advogado para prender o Rei do Crime, comprometem a credibilidade da trama. Os personagens da trama simplesmente não acreditam no advogado que deu o sangue pra por o Fisk na cadeia, Os nove episódios da temporada carecem de foco narrativo e apresentam um roteiro repleto de coincidências forçadas para impulsionar a história.

Divulgação Disney+

Finalização Insatisfatória

A narrativa de Demolidor Renascido encerra-se da mesma forma que começou: sem grandes revelações, momentos impactantes ou sequências de luta memoráveis. A série se sustenta em diálogos competentes, que, no entanto, seriam vazios sem o talento do elenco, que se esforça para extrair o máximo de um material limitado. Demolidor Renascido é uma decepção, uma produção medíocre que não chega a ser ruim, mas também não se destaca como boa. É  um picolé de chuchu que finge ser Demolidor.

É uma série que provavelmente será esquecida rapidamente, lembrada apenas com a chegada de uma possível segunda temporada, pois a premissa inicial possuía potencial e tinha boas intenções,

Mas de boas intenções, Hell’s Kitchen está cheia.

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Texto por: David Alves