Confinado – Punição Educativa? || Resenha

COnfinado

Então gente? Tortura de guerra dentro do carro?

Confinado” chegou pra mim em cabine e, confesso, fiquei doido pra ver. O trailer já entrega aquele climão e tensão e, quando percebi a semelhança com uma produção brasileira da Globo – que também gira em torno de um ladrão preso dentro de um carro previamente modificado pelo dono –, minha curiosidade explodiu. A proposta é simples: o ladrão tenta furtar o carro, mas acaba virando prisioneiro de um sistema engenhoso que o mantém enclausurado. O enredo se desenrola majoritariamente dentro do veículo, e é aí que o bicho pega. A tensão cresce na medida em que o personagem enfrenta necessidades humanas básicas, limitações físicas e psicológicas, e um cenário de desespero crescente. Lá vai minha opinião sobre o filme…

Confinado || Hospício Nerd
Copyright The Avenue

Ótimos planos de filmagem

O que mais me prendeu foram os planos-sequência impecáveis e a forma como a câmera se move no espaço limitado do carro, traduzindo claustrofobia e angústia com uma eficiência absurda. O filme não abusa dos cortes – e isso é um baita mérito –, fazendo a gente mergulhar com o personagem naquelas horas de sufoco. Teve momento que eu tava até ativando gatilho de ansiedade (no bom sentido), curioso pra saber como ele ia sair daquela. Foi uma aula de tensão contínua, sem perder o ritmo.

Meu sonho de realidade

Agora, se tem coisa que me tirou da imersão, foi o telefone do personagem durar mais de 24 horas com sinal bloqueado, sem carregador, em pleno 2024. A menos que ele tivesse um Nokia com pacto com o diabo kkkk, não tem como. Mas beleza, vamos relevar. Até porque o filme entrega muito em outras áreas: temos cenas externas bem inseridas, atuações de apoio super pontuais, e uma ambientação bem construída. Além disso, o dono do carro tem um sotaque esquisito, meio russo, que adiciona um tempero meio torturador da KGB ao rolê. Quem tem referência histórica vai pescar uns detalhes bem específicos sobre métodos de punição que já foram usados em conflitos militares.

Confinado || Hospício Nerd
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O dilema ético é o tempero final: ora você torce pelo ladrão, ora quer aplaudir o justiceiro dono do carro. O filme te joga num campo minado de julgamentos. A pergunta que paira é: vale a pena torturar alguém para ensinar uma lição? Ou seria apenas vingança disfarçada de moral? Tem até pitadinha de Bíblia jogada no meio do roteiro pra provocar mais ainda esse conflito entre redenção e punição.

Conclusão

“Confinado” entrega muito mais do que aparenta ser. Começa tenso, cresce com consistência e fecha com um final coerente e provocativo. Não tem barriga, não tem enrolação, e tem coisa ali pra ficar ruminando por horas. Agora vou assistir o filme nacional que tem essa mesma pegada e depois volto com comparativo. Mas por enquanto, esse aqui já me ganhou.

Qual o próximo da lista?

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