The Last of Us – Long Long Time || Resenha COM SPOILER
The Last Of Us tem provado que vai além de uma mera adaptação de um jogo.
O episódio 3 intitulado “Long, Long Time” é a prova de que a série consegue explorar novas narrativas sem fugir muito do produto original. Um dos episódios mais comoventes da temporada, mostra os desafios de amar e ser amado num mundo pós-apocalíptico. Porém, alguns fãs podem se decepcionar com a falta de ação no episódio.
CUIDADO, CONTÉM SPOILERS
O episódio começa com Joel e Ellie bem longe de Boston, indo em direção à casa de Bill e Frank. Podemos ver Joel à beira de um rio, pensativo, provavelmente pensando em Tess e em tudo que está dando errado desde que aceitaram levar Ellie para os Vaga-lumes. Ele vai logo de encontro a Ellie, mas a garota nada fala. Do nada, Ellie quebra seu silêncio e joga a real para Joel “não me culpe por algo que não é minha culpa”, se referindo ao que aconteceu com Tess no final do segundo episódio.
Ellie começa a perguntar sobre a vida de Joel e ele, como sempre, continua dando suas respostas grossas e secas para a garota. Na cena seguinte, eles encontram uma loja abandonada e vão à procura de suprimentos. Recriando uma das cenas icônicas do jogo, Elle encontra um fliperama de Mortal Kombat e descobrimos que ela é muito fã do jogo da personagem Mileena. Após isso, Joel começa sua busca enquanto Ellie vai para os fundos da loja e encontra um item de luxo para a época, absorventes internos. Ela então decide abrir um alçapão e acaba deparando com um infectado preso. Ellie se aproxima dele e começa a analisar a criatura, ela então decide puxar sua faca e matar o infectado por conta própria. Essa foi a primeira vez que a garota mata um infectado e decide não contar para Joel.
Em seguida, eles voltam para a estrada e Joel confirma a teoria dos fãs sobre o começo da infecção perlo Cordyceps. O personagem afirma que o surto começou após pessoas comerem coisas com farinha ou grãos infectados.
Após isso, começa um flashback de 2003 e nele podemos ver Bill, interpretado pelo incrível Nick Offerman, e nele podemos acompanhar um pouco da jornada de Bill com suas armas e suas famosas armadilhas (quem jogou o jogo sabe muito bem como são essas armadilhas do Bill). A seguir, Bill repara que alguma coisa caiu em sua armadilha, porém não era um infectado, e sim Frank, que é interpretado por Murray Bartlett. Frank logo se torna seu parceiro amoroso, um relacionamento retratado muito bem pela série. Logo, eles dão seu primeiro beijo, que na minha opinião ficará marcado tanto na história da TV como na mente dos fãs. Uma cena linda, marcante, simples, mas que traz um grande significado.
Algum tempo depois, eles começam a se desentender como qualquer casal. Nesse meio tempo, vemos uma discussão entre eles, Frank começar a jogar algumas coisas na cara de Bill, como o fato dele achar que todos no governo são nazistas. Bill, gritando, responde que todos são sim. Nessa cena podemos ver o lado comediante de Nick Offerman, mas sem perder o tom dramático do episódio. Nesse meio tempo Frank conhece Tess através do rádio e marca um almoço para fechar uma parceria de contrabando com ela e Joel. Frank e Tess se tornam grandes amigos, já Joel e Bill ficam comedidos e lidam com os negócios de forma diferente. Logo após essa cena, temos um novo salto no tempo, e podemos ver mais dificuldades do casal com o passar do tempo, como a busca por suprimentos. No entanto, no meio dessas dificuldades, temos uma cena muito adorável e memorável de Frank levando Bill para ver uma pequena plantação de morangos. Os dois ficam muito alegres e resolvem saborear algumas frutas.
Porém, como nem tudo são flores (ou frutas, neste caso), um grupo armado tenta invadir o território deles. As armadilhas são acionadas, mas mesmo assim Bill acaba levando um tiro e se ferindo gravemente. Frank o tira da chuva e do confronto e o leva para casa. Deitado na mesa, ele começa a receber os cuidados de Frank. O mesmo diz para Frank chamar Joel para morar com ele, para que ele não fique sozinho e desprotegido. Enfim, temos mais um salto atemporal, e podemos ver o casal já com uma certa idade, e Frank está muito doente. Frank por sua vez, consegue alguns comprimidos e pede a Bill que esmague eles e coloque no vinho dele após o jantar. Sim, ele decide se matar por causa da doença que o atinge e o deixa sem qualidade de vida.
Numa sequência completamente emocional e difícil, vemos Frank e Bill aproveitando seu último dia de vida juntos. Os dois decidem ir até uma loja de roupas, e aproveitam para se casar. Numa cena emocionante (eu chorei muito admito), podemos ver o casal finalmente trocando alianças. Eles então resolvem voltar pra casa, e Bill prepara um último jantar para se amado. Bill então pega a garrafa de vinho, serve uma taça à Frank e coloca os comprimidos amassados. Frank então toma o vinho, e a cena a seguir é extremamente triste e chocante. Bill afirma para Frank que ele também tomou os comprimidos. Ele sente que cumpriu sua missão na Terra ao sobreviver ao apocalipse ao lado da pessoa que mais amou nesta vida. O casal sobe as escadas, deitam na cama e morrem juntos.
O final dos personagens foi bem diferentes do final no jogo. No jogo, Bill cita que tinha um companheiro chamado Frank, que eles eram os únicos sobreviventes dali e que tiveram uma briga e resolveram se separar. Logo depois Frank é encontrado morto por Joel, Bill e Ellie, ele se enforcou. Ele deixa uma carta para Bill, dizendo que odiava seus métodos e decidiu seguir seu rumo sozinho. O plano dele era ir até Boston, mas acabou sendo mordido por infectados no meio do caminho. Para não se transformar, ele decidiu se matar. Bom, acredito que foi uma mudança muito boa mostrar o casal totalmente diferente dos jogos e dar a eles um desfecho incrivelmente emocional e sombrio. Não creio que as diferenças possam prejudicar a trama da série ou o que foi proposto no jogo. Pelo contrário, na minha opinião, deixou a história mais forte e profunda.
Após a morte do casal, voltamos para Ellie e Joel. Os dois finalmente chegam até a casa de Bill. Entrando na casa, Ellie achava uma carta de Bill endereçada “para qualquer pessoa que a encontrar, provavelmente Joel”. Ellie então decide ler a carta para Joel. Na carta Bill diz que deixou para Joel todo seu armamento, suprimentos e um carro. Ele também diz que ele e Joel são extremamente parecidos, que são pessoas que servem apenas para proteger os outros. Bill pede a Joel para cuidar de Tess. Ele fica completamente triste e com sentimento de perda, mas faz questão de esconder tudo isso perante a Ellie.
Joel fica extremamente nervoso e diz a Ellie que ela tem que seguir três regras a partir de agora: nunca falar da Tess, não falar sobre sua condição e fazer tudo que ele manda. Joel cita Tommy e diz que seu irmão é um ex-Vagalume e que precisam ir até ele, pois ele deve saber para onde ela deve ser levada. Eles estão decidem tomar banho e pegar roupas novas. As roupas são referências ao jogo: a camiseta estampada vermelha da Ellie e a camisa xadrez verde de Joel (se você voltar um pouco no episódio, verá que Frank também usou essa camisa). Ellie então resolve andar pela casa e encontra a pistola que era de Frank, ela pega e esconde em sua mochila.
No final do episódio, Ellie e Joel entram no carro e seguem para encontrar Tommy. Ellie acha uma fita cassete no carro e decide colocar para escutar. A música é ‘Long, Long Time’ de Linda Ronstadt, música tema do casal, na série.
Bom, a verdade precisa ser dita, a série The Last Of Us é uma incrível adaptação para fã nenhum botar defeito. O terceiro episódio trouxe a representatividade LGBTQIA+ para o episódio de forma emocionante, tocante e cheia de amor. Um episódio comovente, único. O melhor da temporada até agora. Esse será o episódio que fará a limpa nas premiações, e dito isso, Nick Offerman, se você quiser o mundo (ou o Emmy), eu te dou.