A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets || Resenha
Bora fazer uma revolução?
A fuga das galinhas finalmente ganhou uma continuação depois de 23 anos. Valeu a pena esperar por uma animação de massinha?
Qual o enredo?
Na trama, após terem fugido da granja, as galinhas estão vivendo em paz em um lugarzinho afastado dos humanos. Ginger e Rocky tiveram uma filha, Molly, que está cada vez mais curiosa para conhecer o mundo além daquele espaço que as galinhas conquistaram. O grande problema começa quando Molly decidi fugir e sem querer cai em uma nova granja, mais tecnológica e mais preparada para evitar fugas. Ginger, Rocky e sua equipe precisam agora invadir o local para resgatar sua filha do abate.
A evolução chegou.
Vinte anos se passaram, no início dos anos 2000 as animações estavam no início da era 2D, depois passaram para o 3D, e buscavam abordagens mais realistas. Com Aranhaverso os estúdios quiseram algo diferente, fantasioso, pouco realismo e mais estilo, alma original, mas ainda havia animações em stop motion (massinha) só que cada vez mais deixadas de lado devido às tecnologias. Guilermo Del toro quis trazer esse estilo de volta em Pinóquio e mostrou como Stop Motion continua na moda. E fuga das Galinhas 2 também.
Com um estilo MUITO colorido e vibrante, a animação mostra como ela aprendeu com toda a evolução que veio ao longo desses 20 anos e usou ao seu favor. Além do detalhe principal que as animações vezes ou outra esquecem: estilo sem roteiro não vale de nada.
Temos uma continuação digna e um roteiro que tem muitos detalhes escondidos aqui e ali que fazem brilhar os olhos mais atentos, especialmente com as mensagens ácidas contra a indústria alimentícia, afinal estamos falando de animais evitando o abate mais uma vez, contando como os grandes chefões, aqueles que tem os meios de produção não se importam com os animais, eles querem o lucro rápido e esses detalhes engrandecem o filme justamente quando a vilã fala isso.
Se você quer continuar comendo o que gosta, uma dica: não saiba como o alimento foi feito, desde o bife no seu prato, aos ovos na sua omelete. E por meio da animação feita de massinha, conseguimos sentir essa dor, essa indústria da carnificina que hipnotiza os animais para que eles não enxerguem o abate, agora que ele está mais moderno e mais cruel, mas ainda é um abate, e Molly é levada a aprender isso, descobrindo tudo o que Ginger queria esconder de sua filha.
Falando desse jeito até parece que a animação não tem humor, quando, na verdade, ela ilustra essas situações com o humor, enxerga o lado lúdico quem quer, e quem quiser enxergar o lado cruel que enxergue, nenhuma das visões está errada, mas juntas elas se complementam.
A fuga das galinhas 2 é uma excelente continuação e uma surpresa para o final de ano, e é importante entender como a continuação não veio vazia, ela carrega um sentimento, uma mensagem forte, e no meio de tantas continuações vazias, um filme de massinha carregar uma mensagem tão necessária e dolorosa, é algo para ver e bater palma.