{Resenha} Proibido Nascer no Paraíso – E às vezes viver também!

“Na prática, a mulher não tem escolha. É uma violência travestida de assistência.’’

Joana Nin

Meus hospicianos, recentemente fui convidada a assistir um documentário que irá estrear em breve, assim convido-lhes a conhecer: Proibido nascer no paraíso. O mesmo tem direção de Joana Nin e é uma produção da Sambaqui Cultural e será lançado no Brasil pela Boulevard Filmes, porém teve sua estreia nos cinemas adiada, mas como eu já vi tudo, posso adiantar pra vocês em primeira mão minhas impressões sobre o mesmo.

Em Proibido Nascer no Paraíso, Fernando de Noronha é a única ilha oceânica habitada no Brasil. Um popular destino turístico, onde cinco mil moradores dividem espaço com em média 100 mil turistas por ano. Há anos, é proibido nascer bebês na ilha. Acompanhando três mulheres Ione, Harlene e Babalu três gestantes cujas famílias vivem em Noronha há décadas e no sétimo mês de suas gestações são obrigadas a embarcar em uma jornada para dar à luz longe de casa, o documentário é um retrato diferente do paraíso turístico.

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Fonte: Divulgação/Boulevard Filmes

Agora vamos saber sobre minha humilde opinião sobre esta obra, que aliás chamou muito a minha atenção e por vários motivos bem marcantes. O primeiro deles diz respeito ao tema abordado, já que considero um assunto bem sensível, delicado e que com certeza merece muita atenção. Segundo motivo diz respeito a esta realidade que esta acontecendo bem perto de nós e não conseguimos dar a devida atenção. Terceiro diz respeito as leis no nosso país, que por muitas vezes tem sido tão falhas.
Tudo no documentário me deixou muito surpresa e porque não dizer até horrorizada, com situações que não só eu, mas tenho certeza que a maioria considera cruel e desumana. Por exemplo como pode uma mulher grávida não ter o direito de escolher onde seu filho irá nascer, não poder realizar o desejo é dar à luz no local onde mora e ainda ser obrigada a ficar longe da família por meses e até na hora do parto, gostaria muito que me explicassem como é mais viável custear traslado e hospedagem dessas mulheres (e seus acompanhantes), no continente, do que investir na reinstalação de uma maternidade? Para a Secretaria de Saúde a explicação é bem simples o baixo número de nascimentos por ano não compensa o alto custo de manutenção do serviço. Mas ao assistir todos os relatos não foi bem isso que pude compreender e aqui convido vocês  a assistirem e tirar suas próprias conclusões sobre nossos governantes.

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Fonte: Divulgação/Boulevard Filmes

Mas o pior ainda não é isso, quando a gestante se recusa a deixar a ilha, pasmem, ela pode ser penalizada judicialmente e ainda ouvem a todo momento que a preocupação deles (os órgãos do governo) é somente com a saúde e o bem estar do bebê. Pra mim é inaceitável que em pleno século XXI, após tantas lutas e conquistas as mulheres perderam o poder sobre seus próprios corpos. E se vocês acham que isso já era desesperador, imaginem uma mãe que acabou de dar a luz e não pode voltar para casa com seu filho, sim é isso mesmo que vocês estão lendo, para poderem voltar para a ilha com seus filhos as mães precisam de autorização do governo, realmente um tremendo absurdo.
Minha reação ao terminar de assistir me deixou muito preocupada, pensando no quanto ainda teremos que lutar para fazer valer nossos direitos, para vermos respeitados nossos desejos, inclusive é a mesma preocupação da produção desta obra incrível e que realmente vale a pena dedicar um tempo para assistir. Realmente meu maior desejo é que quando ocorrer seu lançamento, todos assistam e que o filme os ajude a refletir como encontrar formas de transformar essa realidade.
Por isso digo sem sombra de dúvida, não deixem de assistir PROIBIDO NASCER NO PARAÍSO que em breve será lançado no Brasil pela Boulevard Filmes.

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