Boa!! Mês passado foi o mês do orgulho LGBTQ+ e eu finalmente consegui assistir ao filme ‘Boy Erased’. Infelizmente o filme teve sua estreia cancelada aqui no Brasil por “motivos comerciais” (aham). Enfim.

O filme conta uma história real que foi baseado no livro de Garrard Conley (o ‘verdadeiro’ Jared do filme).

O filme traz Jared (Lucas Hedges), um jovem gay que mora em uma cidade conservadora em Arkansas, nos Estados Unidos. O jovem nasceu em uma família totalmente conservadora na qual seu pai, Marshall (Russel Crowe) é o pastor de uma das igrejas da cidade e sua mãe, Nancy (Nicole Kidman) que aparentemente não possui “voz” dentro de casa, já que aceita tudo que Marshall impõe. No decorrer da trama, Jared acaba sendo confrontado por seus pais e acaba tendo que fazer uma escolha bastante difícil: Ser quem ele é realmente é e como consequência, “perder sua família”, ou entrar em um programa que tem como objetivo promover a “cura gay”.

Infelizmente, como muitos jovens que possuem o medo de serem rejeitados por seus próprios pais, Jared se submete ao programa que promete a “cura” para essa suposta ”doença pecaminosa” (infelizmente a homossexualidade é vista dessa forma até hoje). É então nessa “terapia” que Jared passa os dias mais agoniantes de sua vida junto com outros jovens (homens e mulheres). Lá eles são obrigados a “engolir” diversos absurdos diários impostos por seus líderes religiosos. O filme é tão transparente que faz com que você realmente sinta a aflição que o nosso protagonista enfrenta. Não acredito que ‘Boy Erased’ seja feito para levantar qualquer tipo de bandeira e sim, para nos mostrar da forma mais direta possível o que diversos jovens enfrentam diariamente e fazer com que tenhamos mais empatia, independente da orientação sexual de cada um. No filme, nos deparamos com abuso psicológico, palavras de baixo calão, exorcismo para expulsar o “demônio gay”, diversas comparações entre homossexualidade, drogas, orgia, violência, abuso e outras coisas.

Boy Erased é dirigido por Joel Edgerton e foi indicado ao Globo de Ouro 2019 em duas categorias: Melhor Ator de Filme – Drama, pela atuação de Lucas Hedges que encarna perfeitamente no personagem, e Melhor Música Para Filme, por Revelation. Esse foi um dos filmes mais delicados para retratar a realidade de diversos jovens e adultos, e apesar do filme retratar muitas cenas tristes e agoniantes, posso garantir a vocês que teremos um final feliz. Vale a pena tirar uma parte do seu dia pra assistir esse filme, é sério. ‘Boy Erased’ fala sobre empatia, olhar para o próximo independente de nossas diferenças, e acredito que qualquer pessoa pode se identificar com o filme pelas situações que os personagens enfrentam, sendo como homossexual, como alguém que não tem “voz”, como alguém que tem medo, como alguém que tem amigos, como alguém que se priva de ser quem é por medo de ser julgado. Resumindo: Como ser humano.

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(Garrard Conley, nosso Jared da vida real)

Curiosidades:

  • Infelizmente, mesmo com a resolução da OMS, que exclui a homossexualidade da lista de doenças mentais, ainda existem países que permitem a prática dessas “terapias de conversão sexual”. Atualmente em 41 estados dos Estados Unidos a prática ainda é legalizada.
  • De acordo com o estudo de Williams Institute, da faculdade de direito da Universidade da Califórnia, Los Angeles, 20 mil jovens LGBTs norte-americanos passarão pelo tratamento.
  • Já no Brasil, o Conselho Federal de Psicologia já proibiu profissionais do ramo de tratar a transgeneridade como doença ou anomalia. Porém, ainda não existe uma lei que impeça que esse procedimento aconteça.
  • As chamadas terapias de reorientação sexual produzem violências das mais variadas ordens”, informou o diretor do CFP, Pedro Paulo Bicalho, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em uma entrevista concedida ao HuffPost Brasil.

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